Em tempos de confronto de ideias, o Festival Internacional de Artes Cênicas da Bahia (FIAC) se abre para o debate sobre temas políticos, civis, sociais, ideológicos, territoriais, identitários e artísticos. São 20 montagens, através da quais criadores de diferentes partes do mundo refletem sobre questões da atualidade e convidam o público a mergulhar em universos estéticos diversos, provocativos e autorais.
Um claro exemplo dessa diversidade, o espetáculo Ruína de Anjos, misto de teatro de rua, intervenção urbana e performance, tendo como mote a reabertura de um cinema de bairro e a esperança de renovação que ela traz para aquele lugar, que no passado viu um apogeu e hoje vivencia um abandono. Tal qual a vida dos personagens condutores da narrativa itinerante, que perderam a luz que um dia tiveram: uma travesti prostituta, um paraplégico vendedor de café, um pastor traficante, um burguês homofóbico, uma moradora de rua catadora de lixo e uma artista de rua. O espetáculo, que se dá na dinâmica do trânsito e da noite do centro da metrópole, conduz o público a enxergar situações que atravessam discussões sobre violência, marginalidade, tráfico de drogas, invisibilidade social, comercialização da fé e gênero.
De 23 de outubro a 1º de novembro de 2015, o FIAC ocupa casas de espetáculos e espaços públicos de Salvador, com uma programação de teatro, dança, performance e intervenção urbana, além de propostas cujos procedimentos se aproximam de diversas linguagens artísticas, num extenso panorama da atual produção em artes cênicas.
O FIAC 2015 traz quatro montagens internacionais (Espanha, Itália, Bélgica e França), sete de outros estados brasileiros (SP, RJ, PR e Distrito Federal) e oito da Bahia, que também entra na programação com um projeto que reúne 11 performers por viadutos e um túnel de Salvador.
Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), à venda a partir da próxima semana, e há também espetáculos com entrada franca. O festival estende suas atividades a seminário de mediação cultural, oficinas e leituras dramáticas – todos gratuitos. Confira alguns espetáculos:
Um cabaré em que um homem rola escada abaixo. Literalmente. Ele também filosofa, dança e canta. Como se o príncipe Freddie Mercury se montasse de Cauby Peixoto e cantasse Barbra Streisand na voz de Caetano vestido de Ariel – a pequena sereia.. Entre riso, lágrima, fantasia e descontrole, a performance mescla público, privado, exposição e intimidade para fazer da sexualidade/afetividade um espaço de delírio. Uma experiência para todas as famílias. Gregorio de Matos(23 e 24/ 19hs)
Lisbeth Gruwez dança o transe do êxtase discursivo. Ela se aproveita de fragmentos de um discurso do televangelista ultraconservador americano Jimmy Swaggart e, inicialmente, a linguagem é amigável e pacificadora, mas a partir de seu desejo compulsivo de persuadir, transparece crescente desespero e expõe sua natureza mais profunda: a violência. Teatro Vila Velha (28 e 29)
Escavadores narra os desafios de dois homens comuns que empreendem a difícil tarefa de resgatar uma criança soterrada há 40 dias entre escombros e lixo. Perdidos, esses escavadores, com suas convicções e limites, avançam para dentro de si mesmos à medida que se reinventam nessa busca implacável.Teatro martim Gonçalve(24 às 18hs / 25 às 18 e 20hs)