Projeto de cinema comunitário fortalece educação popular nas ilhas da Bahia

O audiovisual é uma ferramenta para as juventudes criarem suas próprias narrativas e fortalecer suas identidades e territórios. A iniciativa tem como principais âncoras: oficinas de audiovisual, produção de curtas e mostras audiovisuais.

O Coletivo Cinema e Sal que já esteve em três ilhas do arquipélago de Cairu, chega agora na ilha de Itaparica, coração da Baía de Todos os Santos. O projeto está realizando nos meses de setembro a dezembro uma série de oficinas de documentário para jovens e como resultado desses encontros serão produzidos quatro curtas que serão exibidos na Mostra Audiovisual Final que está prevista para os dias 9 e 11 de dezembro, em Itaparica e em Amoreiras.

A Mostra, que conta também com outros curtas convidados para sua curadoria, tem como eixo temático o “Mar, a Naturezas e Comunidade”. Todas as atividades do projeto são gratuitas.

“Falar sobre o Cinema e Sal é falar sobre um pequeno recorte do Cinema Comunitário latinoamericano, sobre um audiovisual ambiental, sobre a cultura do mar. Um projeto que dialoga com as práticas de educação e cinema, educomunicação, audiovisual participativo, cinema comunitário e vai descobrindo suas práticas e desafios na criação coletiva e na beleza do encontro”, destaca a idealizadora e diretora do Cinema e Sal, Lara Beck.

O Coletivo Cinema e Sal continua navegando e conectando as juventudes através das águas e do potencial transformador do cinema. Nessa nova etapa, em Itaparica, duas oficinas ocorrem paralelamente, uma na Sede no município de Itaparica e outra em Amoreiras. As oficinas propõem experiências de participação comunitária, educomunicação, colheita de saberes, cartografia afetiva, construção de histórias, filmagem de curtas, edição e difusão, culminando com a realização audiovisual dos quatro curtas documentários e Mostras de Cinema na Ilha.

Para a coordenadora de produção, Irá Santos, “as oficinas para produção de curtas são pensadas de forma horizontal, ouvindo, coletando saberes locais e legitimando as perspectivas dos jovens. Por outro lado, a responsabilidade trazer referências relacionadas às temáticas escolhidas para serem contadas, oportuniza os debates necessários para o enriquecimento da produção dos curtas metragens”.

Outro momento interessante do projeto é a exibição dos filmes em uma mostra na ilha, reunindo todos os envolvidos e a comunidade. “Além das oficinas, a proposta de formação de plateia é a “cereja” do coletivo porque faz os olhares curiosos dos alunos encheram-se de brilho e orgulho ao testemunhar seus filmes sendo exibidos em uma grande tela de cinema para seus familiares e suas comunidades nas mostras ao ar livre, sempre que possível, próximas ao mar”, destaca Irá Santos.

O Cinema e Sal faz parte da Rede de Cinema Comunitário da América Latina e do Caribe, que reúne coletivos, festivais, escolas audiovisuais e projetos que desenvolvem com o audiovisual com processos de empoderamento, acessibilidade, educação e modos de produção horizontais em comunidades tradicionais ou zonas periféricas. Em um cinema que valoriza os saberes locais e constrói subjetividades. Os filmes do projeto Cinema e Sal participaram de mais 20 festivais e encontros de Cinema Comunitário do Brasil e do Mundo, como 13ª edição do “FICI – Festival Internacional de Cinema Infantil”, “Cine Latino de Toulouse e Festival Internacional de Cinema Infantil de Chicago”, sendo Premiado no “Festival Nueva Mirada para infância e Juventude” (Buenos Aires 2015) com a melhor produção de criação coletiva.
O Cinema e Sal – Rede Audiovisual é produzido pela Camboa Audiovisual, com apoio financeiro do Fundo de Cultura do Estado da Bahia e apoio da Associação Ilha das Crianças (Amoreiras) e da Prefeitura de Itaparica.

Sobre Uran Rodrigues 10202 Artigos
Uran Rodrigues é um influente agitador cultural, promoter e idealizador do famoso baile O Pente (@opente_festa), além do projeto Sinta a Luz (@sinta.a.luz). Com uma carreira dedicada à promoção da diversidade cultural e artística, Uran conecta pessoas por meio de eventos que celebram a arte, a moda e a cultura preta. Seu trabalho busca não apenas entreter, mas também valorizar e dar visibilidade às potências culturais de Salvador e de outros estados do Brasil.