O álbum recém-lançado “Mar Sobre Pedras”, registro musical do encontro dos artistas baianos Guigga e Tarcísio, ganha hoje três visuais de canções apresentadas no disco. Entre elas, o público pode conferir a performance audiovisual de “Letra Fera” (assista aqui), poesia inédita de Glauber Rocha musicada pelo cantor e compositor conterrâneo, Gutemberg Vieira, nunca gravada, que ganhou versão no disco após a família do cineasta autorizar a gravação.
“Ligação” e “Metavirtualização” são outras duas faixas autorais registradas no audiovisual. Os vídeos foram gravados em Salvador, no estúdio 12por8, sob direção criativa de Caique Silva, que também assina a cenografia e captação de imagens, e Vinicius Encarnação, nome responsável ainda pelo figurino.
“Mar sobre Pedras” é o resultado de dois anos de experimentação de Tarcísio Santos e Guigga apresentando um repertório de composições autorais inéditas e versões de composições com parceiros como Paulo Monarco, Conrado Pera e André Fernandes.
“O disco reúne a atualidade das nossas canções, síntese de uma vida de dedicação ao fazer artístico, num realinhamento de compromissos. Julgamos necessário reafirmar a atualidade das questões que nos assaltam, sem restrições de estilo ou linguagem. Quando converso/toco com Guigga sinto que acreditamos na grandeza da canção brasileira, sinto vontade de honradez”, avalia Tarcísio, que é instrumentista, arranjador e compositor, mestrando em Música pela Universidade Federal da Bahia e formado em Violão pelo Conservatório Municipal de Vitória da Conquista.
Artista do sertão baiano e mestre em Memória Social pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Guigga acredita que o tempo em que ele e Tarcísio moraram na cidade do sudoeste do estado exerce uma influência direta sobre o seu trabalho e sobre o disco:
“Vivemos a sorte de conhecer cantadores numa terra em que Elomar é menestrel da erudição e Glauber Rocha o capitão da novidade. O coronelismo, a caretice, o conservadorismo, o racismo caminhando juntos com a vanguarda política, a originalidade cultural e artística, que não é pioneira em nada além da necessidade de uma nova militância sertaneja. Este sertão que há dentro de nós, corpos diversos, pretos, pardos, indígenas, masculinos, femininos, não-bináries, e que tanto nos aproxima, apesar de infelizes distâncias”. O projeto tem apoio financeiro da Incubadora Vale do Dendê através do Programa de Incubação de Produtoras de Áudio 2.