Referências de Gana, Colômbia, Estados Unidos e Brasil se reunirão para pautar os esforços globais no combate à discriminação racial
O segundo ano do Festival Salvador Capital Afro terá início na próxima quarta-feira (22) e reserva, dentro de sua programação, uma série de painéis e encontros para promover discussões e reflexões acerca da população negra, além de potencializar o afroempreendedorismo e o fortalecimento da comunidade preta.
Com abertura no Espaço Cultural da Barroquinha, o evento terá como primeira etapa da programação o painel “Cooperação Internacional para o Desenvolvimento e Combate ao Racismo”, que reunirá, a partir das 10h30, a Embaixadora de Gana no Brasil, Abena Busia; a chefe do escritório da UNICEF na Bahia, Helena Oliveira; Diretor Adjunto dos Assuntos Globais e Protocolo da Prefeitura de Boston, James Colimon; e fundadora do programa Manos Visibles (Colômbia), Paula Moreno. A mediação será conduzida pela vice-prefeita e secretária da Saúde de Salvador, Ana Paula Matos. O objetivo é discutir caminhos possíveis para cooperação entre os países para o desenvolvimento econômico da população negra.
Com uma população composta por 82% de afrodescendentes, Salvador é considerada a cidade mais negra fora do continente africano. As diversas etnias africanas que aqui aportaram ao longo de séculos constituíram uma forma única de coexistência e ressignificação, resultando em uma cultura ímpar, conhecida por sua riqueza, diversidade e negritude. Salvador é também um importante centro de luta contra o racismo e a discriminação racial. O painel “Salvador, cidade de conexão da Diáspora” convida os participantes a debater o contexto histórico de construção de Salvador, destacando sua importância como lugar de preservação de saberes e fazeres ancestrais, além de provocar reflexões sobre como a essência da cidade pode apontar caminhos para o futuro. A fundadora do programa Manos Visibles, rede de líderes e organizações de ponta que constrói a equidade racial e territorial, Paula Moreno volta neste painel para se reunir com o arquiteto beninense e pesquisador da cultura e história africana, Abiola Akandé; e com o pós-doutor brasileiro em Antropologia e babalorixá da Casa do Rei e Senhor das Alturas, Vilson Caetano, com mediação da pesquisadora e professora da UFBA Cíntia Guedes.
Além dos painéis, a programação do dia 22 contará ainda com oficinas gratuitas, como “Artes Visuais – Gestão Cultural Orgânica”, com Juci Reis, do programa Flotar (México), que tem como objetivo facilitar a criação de redes de colaboração, fomentar a produção artística e os processos de formação em arte. Também integram a lista de atrações a oficina “Afroturismo – Letramento Racial e História Negra de Salvador”, com Carina Santos, da Afrotrip, uma plataforma de conexão entre pessoas que desejam conhecer a história da África e Diásporas através viagens; e a oficina “Afroturismo – Precificação e Autovalor”, com Átila Lima, educadora financeira.
Para a Secretária Municipal de Reparação, Ivete Sacramento(foto), o festival é uma oportunidade para potencializar os negócios de modo a garantir um ecossistema empreendedor mais democrático. “Essa é uma oportunidade real para que os nossos empreendedores tenham capacitação para o desafio de ganhar eficiência e desenvolver todo o seu potencial econômico, social, étnico e cultural. Acredito que esses darão ferramentas de como chegar aos melhores resultados para as suas empresas”, declara a secretária.
Sobre o Festival Salvador Capital Afro
Considerado um grande marco do Salvador Capital Afro – movimento que busca projetar a cidade como destino em referência nacional e internacional no Afroturismo -, o festival será totalmente gratuito e está previsto para acontecer de 22 a 25 de novembro, no Quarteirão das Artes, na Barroquinha. O evento reunirá diversas atividades voltadas para valorização e fomento da economia criativa preta da cidade, assim como para estímulo ao desenvolvimento de políticas públicas necessárias para o posicionamento de Salvador como uma cidade antirracista.
Apontado como um ecossistema capaz de reunir uma diversidade de público e interesses, por meio de quatro pilares – político, econômico, educacional e cultural – o evento também é visto como uma base de transformação social, cujo foco é capacitar pessoas, mobilizar negócios e envolver, de forma atrativa, toda a cadeia de afroempreendedores.
O Festival Salvador Capital Afro é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Salvador, através da Secretaria de Cultura e Turismo (SECULT), no âmbito do PRODETUR Salvador, em parceria com a Secretaria da Reparação (SEMUR), e faz parte do Plano de Desenvolvimento do Afroturismo da cidade. O projeto tem financiamento do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e conta com a parceria de GOL Smiles e Americanas.