O espetáculo teatral “CHICO PREGO”, da Companhia Makuamba, pela primeira vez em Salvador, no palco do Teatro Vila Velha, apresentando uma interessantíssima página da História do Espírito Santo, a Insurreição do Queimado.
A Insurreição foi uma revolta de escravos que aconteceu no século XIX no município de Serra E.S, liderada principalmente, por três cativos: Elisário, João da Viúva e Francisco de São José, o Chico Prego.
Em troca de uma possível liberdade, o negro Elisário, lidera a pedido do frei italiano Gregório de Bene, um grupo de escravos para a construção de uma igreja, em homenagem a São José, na região de Queimado, na Serra. Durante a missa de inauguração, no dia 19 de março de 1849, percebendo que a tão sonhada liberdade era um engodo, Chico Prego, e um grupo de escravos começa uma revolta. Segue uma matança e, por fim, muitos participantes do levante são presos.
Elisário consegue fugir misteriosamente, não se sabendo, até hoje, o seu paradeiro, associando o povo, o seu sumiço a Nossa Senhora da Penha, padroeira do Espírito Santo. Chico Prego não teve o mesmo fim: foi preso e enforcado, se tornando mártir da história e se transformando em herói, símbolo capixaba de luta e resistência.
A peça impressiona com um belíssimo trabalho de corpo, com atores que cantam, dançam e representam. A platéia e os atores dividem a cena, e o espectador se sente, literalmente, dentro do espetáculo. Todos os espaços cênicos são aproveitados e a história é um contínuo fluxo, onde ninguém fica parado. As trocas de roupas, as mudanças de personagens e os jogos de luz são constantes, feito de maneira contemporânea.
Houve um estudo de figurino, de vocabulário, mas também e, sobretudo, dos costumes, mormente da cultura africana. É impossível não deixar de notar a presença da dança afro, da capoeira e também do congo, expressão popular tão capixaba, que está ali, reproduzida.
O espetáculo teve sua estréia em 2013, fruto do Edital de Residência/ SECULT (2012), e desde então já fez temporadas em vários espaços importantes da cidade de Vitória, como a Escola de Teatro e Dança FAFI, Theatro Carlos Gomes, Museu Capixaba do Negro (MUCANE) e Escola Maria Ortiz, tendo participado do Festival Aldeia SESC Ilha do Mel (2013), do Programa de Residência Cultural do Projeto “P.E.R.I.F.É.R.I.C.O” – Intercâmbio Internacional de Arte e Cultura Ibero-latinoamericana/RJ (2013) e ganhado o Prêmio de Circulação/ SECULT (2013) e Miriam Muniz /FUNARTE (2014).