“Chega de Morrer em Paz” gritou Pedro Pondé em “Sem Violência”

Em meio aos gritos de protesto pela morte da vereadora e militante carioca Marielle Franco e ao caos em que se encontra nosso país há muito tempo, o cantor e compositor  Pedro Pondé soltou o verbo em mais uma canção cheia de verdades.

“Sem Violência” surgiu para dar voz às minorias, aos favelados, aos sem nome. Composta por Pedro, a canção está disponível no SoundCloud.

“Não é contra o policial, ele em muitos casos também é vítima, mas é contra a Polícia, a instituição, como sempre foi, como tem sido. Um resquício, um flagelo da ditadura, por seus excessos, abuso de autoridade e porquê não dizer racismo, se é fato que negros são tratados de forma completamente diferente, são humilhados sem nenhum pudor e assassinados e encarcerados em massa, muitos, muuuuitos inocentes condenados exclusivamente pela cor. O exército existe pra defender o país, não pra agir contra sua população, ainda mais numa manobra com fins eleitoreiros e gerando tiroteio em comunidades, os grandes traficantes estão morando em áreas nobres, tem contato com deputados, ministros, policiais, isso quando não são os próprios senadores, ministros e deputados, etc.. Alguém vê o exercito ou a polícia fazendo tiroteio em área nobre?
Quantos brancos são liberados com quilos de cocaína e quantos pretos são presos e mortos ás vezes por um simples baseado, muitas vezes por nada, e a chacina do Cabula, e os meninos que foram mortos com cento e onze tiros enquanto comemoravam o primeiro salário de um deles? Vidas negras importam, mas a sociedade estabelece um peso diferente, a carne mais barata do mercado….
Outra coisa que tem que ser dita, a Polícia termina por incorporar todos os preconceitos da sociedade e agir com base neles, mulheres e LGBTs nunca ou quase nunca tem crédito, são tratados como suspeitos, motivo de piada, assédio. Temos uma Polícia machista, misógina, preconceituosa, mal aparelhada, mal paga, sem acompanhamento psicológico adequado, trabalhando no limite no stress, e com focos intensos de corrupção. Um ponto que me incomoda na Polícia e no exército, os funcionários são orientados a não pensar, não questionar, ordem dada é ordem cumprida. E tome cacete em sem terra, em pessoas e situação de rua, em professores, estudantes, sempre que nos manifestamos contra alguma injustiça ou por direitos, lá estão eles, tão prejudicados quanto nós, mas defendendo um estado que está a serviço das empresas que patrocinaram suas campanhas, e sim, uma elite branca, Rica, racista, machista e… “cristã “. Somos usados contra nós mesmos, nós dividem e nos devoram, enquanto não reagimos os golpes continuam, como numa luta.. continuam até que a gente caia, continuam com a gente no chão, continuam até depois da morte, como Vimos e estamos vendo no caso da Marielle. Líderes e representantes legítimos estão sendo assassinados no país inteiro.. estão minando toda possibilidade de esperança, e nós, me incluo nisso, não estamos reagindo de forma significativa, não diante de tudo isso. Nunca diga que a vítima tem culpa.
A vítima tem direito a defesa, é legítima. Se tivéssemos uma população inteira mobilizada, a violência não seria necessária, mas com o número de pessoas engajadas que realmente temos.. a violência vem, vem de lá, e vem sem dó. Essa música é contra esse estado poluído, contra “valores” arcaicos e criminosos, e seus seguranças obedientes. Não é um ataque, mas é uma reação. A dor tem seus reflexos naturais. O país está sangrando. “ assim escreveu Pedro em sua página no Facebook e compartilhou com o Site Ur.

https://soundcloud.com/pedro-ponde/sem-violencia

Fique ligado no Instagram do artista @pedropondeoficial que posta corriqueiramente algumas de suas criações na área das artes visuais.

 

Sobre Uran Rodrigues 10202 Artigos
Uran Rodrigues é um influente agitador cultural, promoter e idealizador do famoso baile O Pente (@opente_festa), além do projeto Sinta a Luz (@sinta.a.luz). Com uma carreira dedicada à promoção da diversidade cultural e artística, Uran conecta pessoas por meio de eventos que celebram a arte, a moda e a cultura preta. Seu trabalho busca não apenas entreter, mas também valorizar e dar visibilidade às potências culturais de Salvador e de outros estados do Brasil.