No dia 20 de março, às 20h, a ATeliê voadOR Teatro estreia a peça conferência “A Ira do Cordeiro”, com o ator Talis Castro. Com dramaturgia e direção de Djalma Thürler – coordenador geral da ocupação Mínimos Óbvios – ano II, da qual o espetáculo integra a programação -, a montagem é a primeira de uma série de três experimentações estéticas sobre a aula-espetáculo ou peça-conferência. A entrada é gratuita e necessita de inscrição.
Em “A Ira do Cordeiro”, Thürler deixa-se influenciar por René Pollesch e incorpora em sua dramaturgia fragmentos teóricos extraídos de livros de filosofia e estudos especializados para discutir o paradoxo entre a esquizofrenia da identidade volátil e a cristalização da identidade clichê. A aula-espetáculo traz ainda situações, histórias e intimidades do ator Talis Castro, que vem se debruçando a respeito da masculinidade na contemporaneidade em rodas de conversas chamadas Entre Homens, transformando o próprio ator em personagem da cena.
“Desde que iniciei as rodas de conversas tenho buscado estudar e expandir esse lugar que tem sido tão íntimo para mim. Quando pensei em transformar tudo isso em espetáculo pensei imediatamente em Djalma Thürler, que é um diretor que já trabalhei em espetáculos como Coral – Uma Etno(cena)grafia e Cabaré Vibrátil. Ele é um dos principais pesquisadores sobre Teoria Queer no Brasil – um dos temas que trazemos para cena e que busca ampliar as perspectivas da masculinidade na contemporaneidade”, declara Castro.
A Ira do Cordeiro coloca em pauta temas como a colonialidade, o patriarcado, a homofobia e a misoginia para discutir a masculinidade sob a lógica da desconstrução.
“Diante da mudança de comportamento da mulher na sociedade, nós homens estamos sendo colocados em lugar de desconstrução e de entender de onde parte toda essa toxicidade masculina – relações familiares, educação, afetividade, entre outros. A Ira do Cordeiro é uma peça extremamente ligada a agenda setting”, descreve o ator.
A peça conferência estreia dentro da programação do encontro festivo e intelectual Mínimos Óbvios – Ano II, a ser realizado nos dias 20 e 21 de março, no Complexo Cultural da Barroquinha. Idealizado pela ATeliê voadOR Teatro, com apoio institucional do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Cultura e Sexualidade (NuCuS), vinculado ao Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (IHAC), da UFBA, e da Fundação Gregório de Matos , esta edição traz o tema interdisciplinar “Teatro, Estudos Queer e Produção Artística Contemporânea”.
Num diálogo interdisciplinar entre as artes da cena e pesquisas acadêmicas, a segunda edição do Mínimos Óbvios terá uma programação com conferência, mesas redondas, estreia de espetáculo, leitura dramática, mostra de vídeo clipes e uma grande carnavalização, ações que, juntas, buscam discutir novas abordagens teóricas e práticas relacionadas à produções dissidentes.
Entre os convidados estão o diretor e dramaturgo Rodolfo García Vázquez (Os Satyros), o cantor carioca Caio Prado (Não Recomendados) e artistas da cena soteropolitana, como Di Cerqueira, Claudia Cunha, as drags Rainha Loulou, Gina D’Mascar, Laura de Freitas, a multitartista Xan Marçal, entre outros. Ocorrerá ainda apresentação do show-espetáculo Cabaré Vibrátil e a leitura dramática do texto “O modo superior da filosofia”, com Djalma Thürler – que também assina a dramaturgia e direção.
Com apoio financeiro da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação do Brasil, este projeto artístico-acadêmico de ocupação é totalmente gratuito e aqueles que se inscreverem nas ações receberam certificado de até 15h. Para participar das mesas de debate, conferência, espetáculo e leitura dramática a inscrição é através do link https://forms.gle/fm4TQ3yEVmmL3kLE8.
