Há pouco mais de um mês para as eleições municipais, o Brasil registra um recorde no número de candidatos que se declaram gays, lésbicas, bissexuais, travestis ou transexuais. A sigla contabiliza 585 candidatos que postulam aos cargos de prefeitos(as), vice e vereadores(as) no país, 58 só na Bahia. Ao todo, foram 532.871 candidaturas registradas nos mais de cinco mil municípios brasileiros. Os dados são do programa Voto com Orgulho, da Aliança Nacional LGBTI+.
Apesar do marco, o número de candidatos LGBTI+ ainda é tímido. A comunidade representa apenas 0,1% do total de candidatos nas eleições 2020. A disputa é maior para as câmaras municipais, com 569 concorrentes, somente 15 pleitearam a prefeitura. A Bahia fica atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro, estados que mais acumularam candidaturas, 142 e 62 respectivamente.
“Eu sou a primeira candidatura LGBT do PT em Salvador em 40 anos. O maior partido de esquerda da cidade e da America Latina nunca lançou uma de nós a uma cadeira na Câmara na 3a maior capital do país. Eu estou há pelo menos dois anos construindo no PT em Salvador a ideia de que um projeto de cidade e de país só será possível com negras, mulheres e LGBTs dando alternância nos espaços de poder e representação” nos contou Petra Peron, candidata a vereadora de Salvador, integrante da Bancada de Todas as Lutas.
Em uma análise mais detalhada, o total de pessoas LGBTI+ candidatas aos cargos públicos neste ano, 46,8% (274) são gays; 12,6% (74) são lésbicas; 11,6% (69) são mulheres trans; 4,8% (28) são bissexuais masculinos; e o restante das demais identidades de gênero e orientações sexuais, segundo informações da Agência Brasil 61.
“É uma eleição histórica, nunca se viu tanta participação ativa, em todas as esferas da política, de pessoas LGBTI+ no Brasil. Sinto que cada vez mais a comunidade está entendendo que o seu lugar é ocupando esses espaços onde há poucas iniciativas de políticas públicas que nos atendam. Mas o número de candidato ainda é inexpressivo e é preciso lutar para quebrar recordes e tabus a cada eleição”, disse Onã Rudá, fundador da LGBTricolor e candidato a vereador de Salvador.