Violinista baiana Karen Silva é aceita em mestrado da Universidade do Novo México e faz campanha de arrecadação para viagem

Foto Uanderson Brittes

Nascida na periferia de Salvador, Karen Silva iniciou os estudos de música aos cinco anos e do violino aos sete anos, no Instituto de Educação Musical, onde conseguiu uma bolsa parcial. 

A artista destacou-se no instrumento e tornou-se membro-fundadora do programa NEOJIBA – Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia, onde ingressou em 2007 como violinista na Orquestra Juvenil da Bahia e permaneceu até 2017. Pelo NEOJIBA, programa onde tocou e hoje leciona, participou de master classes com grandes nomes da música mundial e realizou turnês nacionais e internacionais.  

Passou 8 meses na Noruega, na Universidade de Stavanger, como bolsista internacional e no retorno deste intercâmbio, Karen reintegrou o NEOJIBA para multiplicar todo o aprendizado junto aos alunos do programa, onde ela própria despontou como um talento. Não demorou para que concluísse o Bacharelado em Música com Habilitação em Instrumento de Orquestra, pela Universidade Federal da Bahia, em 2018.  

A história de Karen teve outro momento de vitória, quando no mesmo ano, ao participar de um curso de verão da Universidade do Novo México, impressionada com a estrutura da universidade, decidiu concorrer a uma vaga no Mestrado em Performance Musical, sendo contemplada com uma bolsa parcial em 2020.  

O sonho precisou ser adiado por um ano, pois por conta da pandemia, as atividades consulares dos Estados Unidos no Brasil foram interrompidas, incluindo a emissão de vistos estudantis. O processo para o visto de Karen sofreu inúmeros adiamentos, mas por fim, com a retomada das entrevistas, ao final deste mês de junho, Karen se apresentará ao Consulado Americano.    

Para viabilizar sua ida aos Estados Unidos e representar o Brasil na Universidade do Novo México, Karen lançou uma campanha de arrecadação na plataforma Abacashi, que se encerrará em 25 de julho de 2021. Ter sido aceita na referida Universidade com uma bolsa parcial sobre o valor da matrícula, não cobrirá seus gastos de manutenção pessoal durante o curso, nem o pagamento do restante das taxas. Para poder assumir a vaga conquistada, Karen pede a contribuição dos amigos, apoiadores e pessoas que se sensibilizem com esta oportunidade, que não pode ser perdida.  

A artista que na infância, escolheu o violino porque o instrumento “cabia no ônibus”, relata que a música aconteceu em sua vida por vontade de sua mãe, que acreditava que estudar música possibilitaria um futuro melhor para ela. E minha mãe estava certa! Karen relata: “Mais uma vez, me vejo diante de uma oportunidade de aprender com grandes professores. Mas meu maior desejo é devolver para a minha comunidade, minha cidade e meu país não só todo este conhecimento, mas a possibilidade de uma transformação da realidade por meio da música. Sou uma mulher preta, baiana, periférica, fui aluna de um projeto social no qual hoje eu ensino, o NEOJIBA. Quero que assim como eu, mais jovens da periferia tenham a chance de um futuro brilhante. Além de abrir estas portas, pretendo mostrar no exterior a nossa musicalidade única, a nossa maneira de sentir e interpretar. Não serei a primeira brasileira a cursar este mestrado, mas certamente serei a primeira violinista baiana!” 

Karen conta mais sobre sua vivência dentro do projeto social baiano no recém lançado documentário “NEOJIBA – Música que transforma”, disponível na Netflix.   

Para contribuir com a campanha de arrecadação de Karen Silva na plataforma Abacashi, que estará aberta até o dia 25 de julho, basta acessar o link. Quem preferir, pode também fazer sua doação diretamente para o Pix da artista: [email protected]. 

Sobre Uran Rodrigues 10198 Artigos
Uran Rodrigues é um influente agitador cultural, promoter e idealizador do famoso baile O Pente (@opente_festa), além do projeto Sinta a Luz (@sinta.a.luz). Com uma carreira dedicada à promoção da diversidade cultural e artística, Uran conecta pessoas por meio de eventos que celebram a arte, a moda e a cultura preta. Seu trabalho busca não apenas entreter, mas também valorizar e dar visibilidade às potências culturais de Salvador e de outros estados do Brasil.