Depois do lançamento do elogiado álbum “Cisco no Olho” no mês de maio, Ana Barroso apresenta o videoclipe caseiro colaborativo da canção “Vai Rodar” como parte do projeto “Repentina”, financiado pela Lei Aldir Blanc Bahia. O produto audiovisual teve roteiro assinado pela própria artista, com edição de Nin La Croix, e estará disponível no YouTube no próximo dia 19.
Em “Vai Rodar”, Ana Barroso utiliza da estética sonora da cultura de longa tradição nordestina para discutir questões do seu tempo. A música é uma crítica ao governo Bolsonaro e retrata um duelo imaginário entre o presidente e a força da figura do boi bumbá, ressaltando a cultura popular como potência revolucionária.
Mais do que um protesto, é um presságio de “limpeza” frente a um país em crise sanitária e política. “A verdade, ela sempre vem, ainda que seja duro pagar o preço da espera. Custa caro. A indignação também fortalece. Infelizmente, a gente só recupera o instinto da ação, o furor pela mudança, quando dói. E agora não tem quem não esteja em carne-viva”, explica. “Eu me sinto convocada a ter responsabilidade com a frente que eu assumo. Até porque viver é um ato político. Tem suas complexidades colocar o corpo a serviço do mundo, mas enquanto eu tiver saúde e disposição para isso, quero buscar ser esse instrumento”, ressalta a artista.
Na letra, Ana também faz menção a mulheres brasileiras como Marinês, Chiquinha Gonzaga, Elza e Maria Bonita, homenageando as suas referências desde quando iniciou sua trajetória na música. “Minha primeira escola foi o chorinho. Foi uma grande descoberta saber de Chiquinha Gonzaga no calor dessa idade. Ouvia muito tentando solfejar as melodias e essa referência ficou cristalizada”, relembra. “Acho que das mulheres que cito a que consumi mais tardiamente foi Elza, que é uma cantora gigante, mãe de 9 filhos e de lutas tão profundas. Marinês é a Maria Bonita cantante, rainha desbravadora do forró, do xaxado. Amo-as pelas suas revoluções e pelo lugar que ocuparam”, detalha.
O videoclipe conta ainda com a participação de amigos e artistas, agentes culturais de diversas partes da Bahia. “Quis mostrar que apesar de nossas inumeráveis indignações, somos fortes, não somos poucos e que a beleza mora na diversidade e criatividade da nossa gente. Eu não tinha dúvidas de que pessoas corajosas e criativas trariam a beleza e força que a música merece”, afirma.
“Vai Rodar” está entre as faixas do álbum “Cisco no Olho”, com produção musical, percussão e mixagem de Sebastian Notini e masterização de Claes Persson, do estúdio sueco CRP Master. Os arranjos são de Felipe Guedes, violão de Babuca Grimaldi, clarone e clarinete de Joana Queiroz e flauta de Leandro Tigrão.
O projeto “Repentina” tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Ouça Vai Rodar