Lucas dos Santos Nunes ou “o paciente desenhista” tem 30 anos, é morador de Paripe, onde trabalha vendendo cachorro-quente, é diabético e esteve internado no leito 314 da Enfermaria 3C do Hospital Espanhol, por uma semana, entre o fim do último mês de abril e os primeiros dias deste mês de maio. Mas foi tempo suficiente para encantar os profissionais com o seu dom artístico para o desenho.
O Hospital Espanhol, como Centro de Tratamento Covid, sempre priorizou ações de humanização para os seus pacientes em tratamento e isolamento obrigatório pelo protocolo médico desta pandemia. A musicoterapia é o carro-chefe das ações terapêuticas envolvendo arte e o desenho e a pintura também são proporcionados com a utilização de lápis, papéis e cadernos para colorir individualizados para cada paciente, sempre higienizados e com a permanência deste material na unidade.
A dedicação de Lucas ao desenho, durante a sua internação, comoveu a equipe do HE que providenciou lápis de tipos variados, apontador, borracha… e muitos papéis. “Eu nunca tive aula de desenho. Mas desde criança o lápis e o papel são meus companheiros. Eu pegava revistas e copiava as imagens. Fui crescendo e procurando me aperfeiçoar, de forma autodidata. Meus amigos gostam do que eu produzo e me incentivam a aprimorar. Acham que eu devo comercializar” explica o paciente desenhista, com esforço dobrado, pela respiração ainda dificultosa e pela timidez que dificulta o seu maior entrosamento.
A ansiedade tem visitado Lucas com frequência, desde que adoeceu. Ele reconhece ser tímido e ansioso, e admite que a internação potencializou isso. Mesmo assim, ele transmite paz e tranquilidade quando desenha e conversa, confessando o seu medo do futuro.
“Receber o desenho da minha pessoa, feito com tanto carinho, por um paciente com uma história de vida linda, e feito a pedido da equipe, me fez repensar, mais uma vez, a gratidão que sinto pela minha trajetória nestes dois anos de HE. Relembrar sobre o quanto tenho crescido como ser humano com estas trocas. E no desenho, Lucas utilizou cores que me iluminaram, mesmo sem ele me conhecer. Eu sou uma pessoa iluminada pela oportunidade de exercer minha profissão, cercada por profissionais espetaculares” externou Claudiana, admirando o desenho que vai ser colocado numa moldura.
“Desenhar aqui no hospital, fez passar o tempo e me trouxe ânimo. Ver o trabalho crescendo, ganhando forma, inspira a continuar. E a motivação que recebo dos profissionais que estão cuidando de mim, fortalece minha autoestima. Só tenho a agradecer!” disse Lucas, enquanto desenhava o Farol da Barra que logo iria ver de pertinho, quando saísse de alta. Já que o iluminado Farol é quase vizinho do Hospital Espanhol.