Longe dos palcos, saraus, cinemas, museus e bibliotecas há onze meses, o cotidiano de um casal de artistas baianos vivendo em isolamento social e buscando formas de manter suas expressões artísticas vivas, é a premissa do livro “envelope-de-artista”, um caderno artesanal multimídia que reúne diversas linguagens como poesia, fotografia, performance e audiovisual.
Elaborado pela atriz e poeta formada em letras, Milena Nascimento e pelo escritor e pesquisador, também graduado em letras, Davi Assunção, a obra busca provocar um olhar mais sensível sobre os espaços e acontecimentos do dia a dia, transformando cenários e situações rotineiras em elementos estético-políticos e redescobrindo o fazer artístico ao constatar que ele se faz possível mesmo dentro de casa.
Incluindo vídeos, prints, poemas, manuscritos, e fotografias, o conteúdo do livro será disponibilizado em três formatos, o material audiovisual será divulgado gratuitamente dia 04 de abril no instagram (@envelope_de_artista), na ocasião, a dupla de artistas também participará de um bate-papo ao vivo sobre o processo de criação da obra.
Os prints e fotografias que compõem o caderno também podem ser acessados através da mesma rede, que diariamente disponibiliza fragmentos da obra e curiosidades sobre a criação.
O livro também ganha uma versão física, totalmente artesanal, produzida pelos próprios artistas. O físico será distribuído em escolas públicas, instituições de arte, educação, e associações de bairro, como forma de democratizar o acesso a discussões e conteúdos sobre arte, e inspirar a juventude a dar espaço para suas vertentes artísticas, ainda que de maneira independente, em seu próprio bairro ou residência.
Para além de mesclar diversas linguagens, o caderno abre um diálogo a respeito da distribuição dos produtos artísticos na pandemia e busca estreitar a relação entre as plataformas virtuais e as metodologias manuais e clássicas utilizadas para fazer arte.
Em “envelope-de-artista”, o intercâmbio entre arte e tecnologia perpassa pelo formato e pelo tema da obra e é encarado como um aliado no processo de reinvenção das expressões artísticas no atual contexto pandêmico do mundo, que limita não só os recursos financeiros dos artistas, mas sobretudo, seus recursos criativos e inspirações.
É justamente através da tecnologia que o livro estabelece também uma relação de semelhanças e diferenças entre o que é viver em isolamento no interior, e de como essa mesma vivência acontece em uma periferia. O olhar e as experiências cotidianas de Milena, diretamente de Teolândia, município do interior da Bahia, se cruzam com as questões de Davi, morador de Castelo Branco, bairro residencial localizado na periferia de Salvador. O caderno relaciona traços políticos, históricos, paisagísticos e afetivos dos dois lugares.
A natureza, a calmaria, a solidão, o aconchego e a proximidade da família no interior são contrapostos com a efervescência, a violência, e a pulsante cultura urbana e ancestral da periferia, ao mesmo tempo que a busca por formas de manter suas expressões vivas e o desejo de transformar suas vidas em obras se complementam.
Entre encontros e contrastes, o “envelope-de-artista” busca possibilitar aberturas e conexões entre espaços, gêneros de arte, realidades e virtualidades, além de incentivar e potencializar processos criativos produzidos em espaços não hegemônicos.
O projeto tem apoio financeiro do Estado da Bahia através da Secretaria de Cultura e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia) via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
SERVIÇO
envelope-de-artista
Lançamento e bate-papo ao vivo
04 de Abril
20h
Instagram: (@envelope_de_artista)
Gratuito