Com pouco mais de dois meses morando na cidade de Dubai, o jovem chef Raphael Sepúlveda nos áureos dos seus 27 anos de idade, tem aproveitado cada instante na maior cidade dos Emirados Árabes, para aprimorar os seus conhecimentos gastronômicos e linguisticos.
Nem bem chegou e foi logo auxiliar o chef Lucas Corazza, jurado do programa “Que Seja Doce” do canal fechado GNT, na demonstração de algumas receitas usando o chocolate brasileiro de origem baiana para a Emirates Flight Catering e para o grupo Jumeirah, uma das maiores empresas de hotelaria do mundo, donos do Burj Al Arab.
Formado em gastronomia pela Universidade Estácio de Sá em Salvador, Raphael nasceu em Itabuna, aperfeiçoou os seus conhecimentos em cursos nas cidades de São Paulo e Nova York, estagiou com os Chefs como Edinho Engel do Restaurante Amado e Fabricio Lemos, agora dono do Restaurante Origem, ambos em Salvador e somou ao seu currículo, eventos com a chef Daniela Façanha do Morro dos Navegantes em Ilhéus, Sul da Bahia, entre outros.
Batemos um papo com o jovem talento da gastronomia para entender o que tem aprontado na terra dos sheiks.
SiteUR: Como surgiu o interesse pela gastronomia ?
Chef Raphael: Como você sabe, cresci no interior. E é de nosso costume essa cultura em torno da mesa e da cozinha, mais especificamente. Sempre estava lá olhando e ajudando minha vó a fazer as comidas, principalmente em épocas festivas. Creio que o interesse tenha partido daí. Tenho boas lembranças!
SiteUR: O que foi buscar em Dubai?
Chef Raphael: Bem, há tempos vinha planejando um intercâmbio. Eu precisava de um lugar onde pudesse melhorar meu inglês e que me permitisse trabalhar. E Dubai surgiu no meio dessa história toda como o lugar ideal. Dado que o turismo é o motor da cidade, a área de hotelaria e restauração estão em pleno crescimento aqui. Foi onde vi uma boa oportunidade para mim. Espero ter acertado! (Risos)
SiteUR: Como tem sido a sua experiência nos Emirados? Costumes, língua e o dia-a dia.
Chef Raphael: Isso é algo bem interessante. Os Emirados, e os países árabes de uma forma geral, levam a religião e seus costumes bem a sério e isso influencia nas vidas de quem vem pra cá, obviamente. A língua oficial daqui é o árabe, mas o que predomina mesmo é o inglês. Porque a cidade é composta, em sua grande maioria, por estrangeiros. Isso é bom e é ruim, ao mesmo tempo. Porque são muitos sotaques diferentes, o que geralmente dificulta numa conversação. Quanto aos costumes, são muitos. Desde a vestimenta até o comportamento. Acho uma cultura rica e bonita, e o fato de levarem sua religião a sério ajuda em questões como a violência, por exemplo. É um lugar super seguro!
SiteUR: Ainda no Brasil, atendeu clientes com serviços diferenciados e exclusivos. O Personal Chef é uma espécie de mágico. Precisa criar pratos para agradar os mais diversos paladares. Já aconteceu alguma situação inusitada?
Chef Raphael: Exato, cada dia é um cliente diferente. Então temos que procurar saber seus gostos, se existe alguma intolerância ou alergia e ter cuidados do tipo. Por sorte, normalmente meus clientes são bem tranquilos e me deixam a vontade pra criar. Claro que algumas vezes exigem uma proteína ou produto especifico, e a depender de onde esteja pode ser difícil de encontrar. De fato inusitado ou engraçado, em um dos jantares mais recentes que fiz tive que elaborar uma sobremesa especial para o aniversariante, pelo fato de ser diabético. Prontamente pensei em algo bem interessante e caprichei, montei o prato no maior carinho. Sei que no final, dada empolgação pela comemoração, ele acabou bebendo a mais e passou mal antes mesmo de provar a sobremesa. (Risos!) E assim como esse, evento sempre tem muito imprevisto, então as vezes acontece de chegar convidados de ultima hora e ter de fazer render. Ou esquecer algum ingrediente e ter de improvisar. Esse é nosso cotidiano!
SiteUR: Qual o ingrediente dos sonhos?
Chef Raphael: Acredito que é aquele que estiver mais fresco. Lógico que podemos falar aqui de coisas exóticas ou caras como foie gras, Kobe beef, trufas, caviar. Mas um peixe recém pescado, uma erva colhida na horta, uma fruta do pé? Nada ganha disso!
SiteUR: Qual prato é um desafio?
Chef Raphael: Por mais estranho que pareça, acho que o simples vem a ser o mais difícil. Muitas vezes, por subestimar a receita ou ingrediente mais comum, acabamos errando na execução ou perdemos o ponto. Também acontece de querer inventar muito em algo que não precisa. É aquela do menos é mais, sempre levo isso como regra.
SiteUR: Nascido na região do Cacau, o fruto é um ingrediente presente em seus pratos?
Chef Raphael: Posso dizer que menos do que eu gostaria. O cacau é um ingrediente versátil e tem muitos subprodutos feitos com ele que podemos usar, mas muitas pessoas desconhecem. Como prova disso, certa vez fiz um menu degustação utilizando as mais variadas formas do cacau. Usei a fruta, o mel de cacau, a geléia, o chocolate, nibs, etc. Foi muito interessante, o público adorou.
SiteUR: País que te encanta pela riqueza gastronômica ?
Chef Raphael: São muitos, inclusive o Brasil. Mas para não parecer tendencioso vou falar que os países mediterrâneos sempre me atraíram e são base da minha cozinha. Adoro usar frutos do mar, azeite, queijos, vinho, ervas e coisas do tipo. Serei obvio mas França e Itália me encantam pelo respeito que tem aos ingredientes e como as políticas adotadas por eles ajudam e incentivam os produtores e chefs. Acho lindo de se ver as regiões e produtos de origem e o quanto se orgulham disso. Falta isso no Brasil pra chegarmos lá, porque riqueza gastronômica nós temos e muita.
SiteUR: Em Itabuna e Ilhéus desenvolveu e coordenou confrarias para apresentar o melhor da gastronomia mundial. Além de ter dado consultoria a hotéis e restaurantes. Pretende continuar ?
Chef Raphael: Sempre procurei estar presente e contribuir com a região de alguma forma nesse sentido. Estou focado nesse momento com a experiência aqui em Dubai e não tenho nada definido pra o futuro. Mas tenho muitos amigos e clientes por lá e sei que sempre que surgir uma oportunidade estarei levando coisas novas.
SiteUR: Papel do Instagram como divulgador do seu fazer. É bom?
Chef Raphael: Instagram e outras redes sociais tem um papel importante nos dias de hoje e nos ‘aproxima’ do publico de uma forma fácil. Gosto de usar sim e acredito que me ajuda na divulgação. E agora estando aqui, adoro poder compartilhar as novidades e coisas curiosas dos Emirados, dar dicas de passeios e restaurantes. Então quem gosta e quiser me seguir é sempre muito bem vindo. Adiciona aí! (Risos)
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