Espetáculo “O Diário de Anne Frank” realiza apresentação única no Teatro Castro Alves

Embora tenha acontecido a quase um século, em 2024 o holocausto judaico voltou ao centro das discussões da geopolítica nacional e internacional motivado pela intensificação do conflito histórico entre Israel e Palestina. Reconhecido como uma das maiores tragédias da humanidade, o horror vivenciado pelos judeus deixou sequelas incalculáveis e rastros de antissemitismo espalhados pelo mundo inteiro até os dias atuais. Há décadas este genocídio é relembrado e denunciado através de documentários, filmes, exposições e diversas outras formas de manifestação artística.

Agora, esta história, que não pode ser repetida, e portanto, também não deve ser esquecida, adentra ao universo da artes performáticas e ganha a forma de um espetáculo de dança contemporânea encenado pela Cia Byla, que realiza apresentação única na Sala do Coro do Teatro Castro Alves no dia 15 de junho, ás 20h. Com direção da coreógrafa Luciana Tude, a obra foi criada em 2019 através de pesquisas e laboratórios coletivos da companhia e já coleciona mais de 20 apresentações em Salvador e Região Metropolitana, encabeçando o repertório da cia. Os ingressos já estão à venda no Sympla e custam $40 (inteira) e $20 (meia) – ingressos no link: https://abrir.link/lGbqc

Em “O Diário de Anne Frank” acompanhamos a vida e a alegria de uma jovem garota judia aos poucos ser interrompida pela instauração do regime nazista durante a segunda- guerra mundial sob a liderança de Adolf Hitler, cujo principal objetivo era exterminar os judeus por considerá-los uma “raça inferior”. O repentino sumiço de amigos e conhecidos estabelece um clima de medo e tensão na família de Anne Frank até que sua irmã, Margot, é convocada para se apresentar ao governo, uma clara armadilha para capturá-la. A situação obriga Anne e seus aliados a fugirem e se esconderem em um anexo secreto, onde vivenciam suas últimas alegrias.

O intuito do espetáculo é aproximar os relatos dos sentimentos vivenciados pelos personagens com a história de cada indivíduo que assiste, sendo também um estímulo a leitura e busca de novos conhecimentos sobre a história do mundo e consequentemente, sobre a realidade atual.

“Existe uma clara dualidade entre desespero e esperança na concepção desta obra. Existe a aflição da fuga, o medo, mas também vemos o afeto entre a família que dá o fôlego e a resiliência para eles continuarem tentando sobreviver. Não é só um espetáculo sobre o holocausto, também adentramos na subjetividade de Anne, então aqui há também uma história de amor, de paixão adolescente, e outros subtemas que perpassam crises existenciais, sexualidade, rebeldia, assuntos comuns a uma jovem, que Anne Frank não deixou de sentir, apesar das condições desfavoráveis”, explica a diretora.

A obra, inspirada no filme de 2009 produzido pela emissora britânica BBC, é guiada a partir das sensações geradas nos personagens envolvidos nos relatos de Anne Frank em seu diário. Esses sentimentos foram transformados em movimentos e sequências coreográficas performados com um estudo técnico que mescla dança contemporânea com balé clássico, moderno e linguagem teatral. No papel principal, a bailarina, professora e coreógrafa Sara Tude, especializada em dança contemporânea e floorwork, dá vida mais uma vez a Anne e seus dilemas em diferentes idades.

“É sempre diferente dançar essa personagem, porque a cada montagem é possível se conectar com novas camadas da história e da intimidade de Anne, o que inspira outros movimentos. Como coreógrafa da Cia também é muito interessante ver como o grupo cria sua própria interpretação dos solos, duos e coreografias, pois somos uma equipe muito diversa, não só nos estilos de dança, mas também nas leituras sociais. Temos bailarinos de diferentes realidades socioeconômicas, de diferentes identidades de gênero, etnia, sexualidade, neuro atipicidade, religiosidade, personalidade, então cada um conhece a intolerância de um jeito particular e isso se reflete nos corpos e nas interpretações”, destaca Sara.

Em sua totalidade o elenco é composto por 12 bailarinos que integram a nova formação da Cia Byla e que desenvolvem diferentes pesquisas corporais no Espaço Byla, centro de pesquisa em dança locado no bairro de Stella Maris que atua há 18 anos formando bailarinos de diferentes estilos, também sob a liderança de Luciana Tude.

De forma geral, a Cia Byla entende o espetáculo como uma denúncia, um flagrante que o mundo tenta não esquecer para não se repetir em nenhum nível. Um lembrete eterno de que a intolerância pode nos levar a desfechos catastróficos, que o fascismo é sempre favorável a essa condição, e sobretudo, de que arte sempre esteve e sempre estará aqui, viva, atuante, transformando a sociedade e inspirando diversidade e respeito.

SERVIÇO:
“O Diário de Anne Frank” – Cia Byla

Local: Sala do Coro do Teatro Castro Alves
Data: 15/06/2024 – 15 de junho (sábado)
Horário: 20h
Duração: 1h20
Classificação: 10 anos
Gênero: Drama, Romance, Dança
Ingressos: Sympla

Valores: R$ 40 inteira | R$ 20 meia-entrada.

Sobre Uran Rodrigues 10198 Artigos
Uran Rodrigues é um influente agitador cultural, promoter e idealizador do famoso baile O Pente (@opente_festa), além do projeto Sinta a Luz (@sinta.a.luz). Com uma carreira dedicada à promoção da diversidade cultural e artística, Uran conecta pessoas por meio de eventos que celebram a arte, a moda e a cultura preta. Seu trabalho busca não apenas entreter, mas também valorizar e dar visibilidade às potências culturais de Salvador e de outros estados do Brasil.