A peça, encenada pela diretora premiada Hebe Alves e elenco da Escola de Teatro da UFBA fica em cartaz até 16 de julho no Teatro Martim Gonçalves
Encenada pela primeira vez em 1968, ano da escalada de opressão e censura imposta pela Ditadura Militar, a comédia musical Roda Viva, escrita por Chico Buarque de Holanda, trazia o impacto da crítica mordaz e escrachada contra a sujeira da mídia, sobretudo a televisiva, e a engrenagem cruel da produção artística reduzida a interesses de mercado.
Agora, está história será contada novamente pelos alunos da Escola de Teatro da UFBA sob a direção da duas vezes vencedora do Prêmio Braskem de Teatro, Hebe Alves, incorporando as questões de uma sociedade moderna, regida pela internet e pela tecnologia. A peça fica em cartaz de 06 a 16 de julho no Teatro Martim Gonçalves de quinta a domingo sempre às 19h. O acesso ao espetáculo é gratuito, mas é necessário retirar o ingresso na bilheteria do teatro com 1 hora de antecedência.
Roda Viva conta a história de Benedito Silva, um brasileiro comum, atraído pela chance de se tornar um ídolo pop, um cantor aclamado por multidões, que cai nas garras de um Anjo marqueteiro – caricatura de empresário ganancioso e sem escrúpulos – que lhe oferece as vantagens de uma fama rápida e fácil, em troca de sua identidade, seus valores e sentimentos. Eis que surge também um Capeta chantagista e manipulador da opinião pública, que também oferta uma aliança nessa empreitada de fabricar uma celebridade instantânea e vendê-la, partilhando dos lucros.
“Esta é uma história sobre engrenagem cruel da produção artística reduzida a interesses de mercado, triturando vidas para alimentar a indústria do entretenimento. Estamos reencenando num momento em que a internet já transformou em paroxismo os antigos truques midiáticos, dando-lhes alcance e velocidade nunca vistos”, explica a diretora.
Hebe também considera que esta peça pode ser um chamado a repensar a função da arte no campo perigoso da construção de ídolos momentâneos, da invenção e manipulação de notícias e da verdade travestida em jogos de poder.
“Sabemos que a velha ganância mercadológica costuma reaparecer com nova maquiagem, realimentando o desejo de milhões de Beneditos incautos, desesperados por alcançar seus quinze minutos de fama à custa de posts e selfies, pautando seus destinos pelas luzinhas sedutoras de seus smartphones”, conclui.
Nesta adaptação da história os atores interpretam diversos personagens, há vários Beneditos, Julianas, Anjos e Capetas. A diretora de movimentação corporal, Daniela Botero, explica que o trabalho de corpo foi pensado para construir movimentações coletivas, inspiradas em danças indígenas e populares, engrenagens de fábrica e anatomia de animais.
Na equipe, outros grandes nomes do teatro baiano, como Agamenon Brito, no figurino e Zuarte Junior, na cenografia. A direção musical fica por conta de Luciano Salvador Bahia e Marcos Lopes.
SERVIÇO:
Espetáculo Teatral – Roda Viva
06 a 16 de julho – quinta a domingo, 19h.
Teatro Martim Gonçalves
Ingressos Gratuitos – Retirar na bilheteria com 1 hora de antecedência.