“Eu gosto da ideia de uma pintura que ao primeiro olhar se pareça com uma foto” disse Fábio Magalhães #Entrevista

Sua obra é mais que viva, chega a impressionar. Os poros, os pelos, o brilho da pele, do sangue, tudo ganha uma outra profundidade, quando os sentimentos e as emoções humanas, são registradas através da pintura do artista plástico baiano, Fábio Magalhães. Formado em artes plásticas pela Universidade Federal da Bahia, suas telas mais se confundem com fotografias, chegando a Fábio dizer que não se considera como um pintor hiper realista, segundo o artista, lhe basta apenas um resultado realista.

Eu gosto da ideia de uma pintura que ao primeiro olhar se pareça com uma foto, mas que nos próximos segundos e logo se desfaça e a pintura se revela. Uma zona intermediaria, uma zona paralela entre a pintura e fotografia” comentou Fábio.

Fábio Magalhães -
Onde moram os Devaneios – Óleo sobre Tela – 230x210cm – 2013

Suas obras surgem de metáforas criadas a partir: das condições psíquicas e substratos de um imaginário pessoal, até chegar a um estado de Imagem/Corpo. Os resultados são obtidos por meio de artifícios que nascem de um modus operandi, que parte de um ato fotográfico e materializa-se em pintura.

Seus trabalhos já circularam diversos salões e exposições por todo o Brasil,  recebendo em 2011, o Prêmio FUNARTE Arte Contemporânea / Sala Nordeste; em 2010, Prêmio Matilde Mattos/FUNCEB, Prêmio Aquisição e Prêmio Júri Popular no I Salão Semear de Arte Contemporânea em Aracaju, SE; Prêmio Fundação Cultural do Estado, em Vitória da Conquista, BA, e Menção Especial em Jequié, BA. Saiba um pouco mais sobre o processo de criação do artista Fábio Magalhães e os projetos futuros em conversa com o SiteUR.

SiteUR: Sua obra é viva . De onde vem a inspiração?

Fábio Magalhães: Tenho observado bastante a vida, o comportamento do homem nas situações adversas e principalmente olhado pra dentro, no intimo, pois acredito que existem alguns lugares do Ser que só poderão ser acessados a partir do Eu.

SiteUR: Quando deu o start para sua primeira exposição individual?Onde foi? 

Fábio Magalhães: Minha primeira exposição individual foi ainda como estudante, eu havia terminado uma série de Pinturas/Desenhos numa matéria que havia cursado, Nesse período estava muito interessado pelo abstracionismo, pelo gestualíssimo, a action painting do Jackson Pollock e com uma série pronta me inscrevi para a seleção de pautas que a Galeria da Aliança Francesa oferecia, isso foi em 2008.

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“Diz-se das Línguas maledicentes”, 2010, óleo sobre tela, 100×130 cm, coleção particular
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“Próximo Segundo”, da série “O Grande Corpo”, 2008, óleo sobre tela,110×140 cm, coleção particular

SiteUR: Sente que seu trabalho tem evoluído?

Fábio Magalhães: Bastante! A cada série que costurou, vão surgindo coisas novas, novas questões, que vou arrastando para dento do trabalho, o processo esta evolução constante.

 SiteUR: Conhece outros trabalhos semelhantes ao seu com tanto aproximação hiper-realismo?

 Fábio Magalhães: Sim! Hoje existem muitos artistas trabalhando nessa vertente. Muitos me apontam como um pintor Hiper-realista e acho um equivoco, pois em meu trabalho precisa apenas de uma certa carga de realismo, penso meu trabalho inserido em questões a cerca da Arte Contemporânea.

Trouxas II (Alusivo ao Artur Barrio)- Óleo sobre tela – 190x250cm – 2013 – Coleção Particular
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“Encontro Impossível”, da série “Superfícies do Intangível”, 2014, óleo sobre tela,190×230 cm

SiteUR: Enumere as principais exposições e mostras que participou

Fábio Magalhães: Para falar em números é complicado, porquê foram muitas, mas posso citar algumas: exposições individuais, a primeira em 2008, na Galeria de Arte da Aliança Francesa – Salvador/BA como falei anteriormente. Em 2009, “Jogos de Significados”, na Galeria do Conselho – Salvador/BA. Em 2011, “O Grande Corpo”, edital Maltide Mattos/FUNCEB, na Galeria do Conselho – Salvador/BA. Em 2013, “Retratos Íntimos” na Galeria Laura Marsiaj – Rio de Janeiro. Entre as mostras coletivas estão: Em 2012 “Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais 2011/20113”, no Itaú Cultural – São Paulo/SP, com curadoria do Agnaldo Farias; “O Fio do Abismo – Rumos Artes Visuais, 2011/2013” – Belém/PA, com curadoria de Gabriela Motta; “Territórios” na Sala FUNARTE/Nordeste – Recife/PE, com curadoria do Bitu Cassundé; “Espelho Refletido” no Centro Cultural Hélio Oiticica – Rio de Janeiro/RJ, com curadoria do Marcus Lontra; “Paraconsistente”, no ICBA – Salvador/BA, com curadoria de Alejandra Muñoz; Em 2009, “60º Salão de Abril” em Fortaleza/CE; e “63º Salão Paranaense” em Curitiba/PR; “XV Salão da Bahia” em Salvador/BA, em 2008; “I Bienal do Triângulo” em Uberlândia/MG, em 2007; Entre outras.

120 Gramas – da Série _Fonteiras do Devoluto_- Óleo sobre tela – 90 x 110 cm – 2015

“A pintura me dá respostas as questões as quais procuro,  que só são concedidas através do olhar” FM

SiteUR: Participa de editais com qual frequência? são importantes para incentivar o fazer artístico?

Fábio Magalhães: Sim! Com frequência, a politica de editais tem sido uma alternativa para os artistas, e principalmente numa cidade como a nossa que não esta inserida no Circuito Nacional das Artes.

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“Encontro”, da série “Superfícies do Intangível”, 2014, óleo sobre tela,190×315 cm

SiteUr: Quais os próximos projetos? Exposições

Fábio Magalhães: Agora! Estou numa fase de produção! Estou com finalizando uma série nova, que estou pensando em apresentar primeiro aqui em Salvador, mas será no fim de ano.

Em Tempos de incertezas, o devaneio é a via de fuga-Óleo sobre tela-170 x 220 cm-2015

Sobre SALVADOR…

Salvador tem cor? Tem ! Salvador tem as cores da Beleza Negra.

O que sente falta? Mais espaços voltados à arte contemporânea.

Lugar predileto na cidade? Solar do Unhão – Mam

Lazer com a família. Onde? Praia.  Flamengo.

Shopping predileto? Não costumo ir com frequência a Shopping, mas gosto do Café da Livraria Cultura do Salvador.

Série Retratos Íntimos- sem titulo Óleo sobre Tela – 140 x 190 cm – 2010

Por Gabriela Motta – curadora(Carne/Corpo, 2013)

As obras de Fábio Magalhães surpreendem. São grandes telas, límpidas, em que se vêem vísceras reluzentes. Estas porções de carne (humana?) aparecem ora asseadamente suspensas em sacos ou cordas, ora costuradas ou tensionadas e estendidas em superfícies também assépticas. Não são restos, não estão em ambientes fétidos, não parecem podres ou descartadas. Ao contrário, elas apresentam-se com elegância e altivez, o que colabora para a construção de uma atmosfera austera, quando poderia se esperar um clima mais mórbido dada a natureza das imagens. Todas elas fazem parte da série Retratos Íntimos, que o artista desenvolve desde 2011. De fato, estas telas apresentam um enquadramento que alude ao formato retrato, o que lhes dá humanidade. Além, é claro, de sermos feitos daquela mesma matéria.

O que só existe na Bahia? Um imaginário que inspirou as obras do Jorge Amado, Pierre Verger e Caymmi, que é fabuloso além dessa “energia” que existe aqui, que só entende que vem aqui!

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Uran Rodrigues é um influente agitador cultural, promoter e idealizador do famoso baile O Pente (@opente_festa), além do projeto Sinta a Luz (@sinta.a.luz). Com uma carreira dedicada à promoção da diversidade cultural e artística, Uran conecta pessoas por meio de eventos que celebram a arte, a moda e a cultura preta. Seu trabalho busca não apenas entreter, mas também valorizar e dar visibilidade às potências culturais de Salvador e de outros estados do Brasil.
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