Exposição “Meu corpo, suas regras”, do fotógrafo Vini Ribeiro em cartaz na...

Exposição “Meu corpo, suas regras”, do fotógrafo Vini Ribeiro em cartaz na Biblioteca Central do Estado da Bahia

Como é possível que ainda exista, mesmo que de forma velada, um modelo de corpo que possui cor, gênero, medidas físicas e aparência ideais? Apresentando o tema corporeidade, o fotógrafo baiano Vini Ribeiro retrata, através das suas lentes, a violência que atravessa determinados corpos na exposição “Meu corpo, suas regras”, que chega à Biblioteca Central do Estado da Bahia, com acesso gratuito e aberto ao público.

Vini

“Esse projeto se propõe a ser uma experiência multissensorial sobre o direito de existir de alguns corpos a partir de ensaios fotográficos que convidam para essa discussão na sociedade brasileira contemporânea. Ao percorrer esta exposição, somos desafiados a refletir sobre as violências silenciosas que perpetuamos e a lutar pela liberdade de todos os corpos existirem plenamente”, explica Vini Ribeiro.

Durante a visita, experiências táteis e audiodescrição garantem a inclusão de todos os públicos, como legendas em braile e audiodescrição, que poderá ser acessado através de QR Codes.

A exposição é dividida em 5 ensaios. O primeiro, denominado de “Skincare”, mostra a fisioterapeuta e doula Eduarda Barbosa completamente coberta de argila, fazendo uma crítica ao consumo exagerado de “produtos de beleza” e a constante negação do corpo natural. Já o segundo, é intitulado “Miss beleza branca” e traz Ana Carolina dos Anjos, designer de interiores, com uma maquiagem que busca criticar o processo de embranquecimento de pessoas negras em campanhas, desfiles e fotografias.

No terceiro, cujo título é “A pele-alvo”, o poeta e idealizador do Sarau do Gheto, Pareta Calderash, aborda os diferentes significados da palavra “alvo”, que hora faz referência ao objeto ao qual se atiram coisas, hora com sua relação à cor “branca”.

O quarto ensaio é denominado “Além das linhas” e apresenta a terapeuta Flôr Costa denunciando a cultura da magreza, a busca adoecedora de um corpo ideal padronizado. O último ensaio é chamado de “Insuficiente” e traz a escritora Amanda Soares, que convive com a paralisia cerebral, fazendo uma denúncia explícita e potente contra o capacitismo enraizado na sociedade.

“O ponto comum entre todos os ensaios desse projeto é que eles refletem sobre como a imposição de padrões estéticos de uma sociedade pode reverberar no ódio ao próprio corpo. Todos os dias somos bombardeados com informações que tentam promover, em determinadas pessoas, o asco a cor da própria pele, ao formato do seu nariz, ao próprio cabelo, às suas medidas, suas rugas, suas singularidades, suas cicatrizes, suas deficiências, seu gênero e tantas outras formas de violência”, explica o artista.

Desde o início do mês julho, em formato itinerante, a exposição está sendo realizada em escolas da rede estadual e já passou por instituições localizadas em Brotas, Vila Canária e Lauro de Freitas. As próximas serão Bonfim e Camaçari.

“A discussão, inserida no ambiente escolar, cumpriu seu objetivo político-crítico. Não poderia existir público mais adequado de fomento dessas discussões sobre a necessidade de existência dos corpos que estudantes da escola pública da rede estadual, em sua maioria vítima das mais diversas violências por conta dos seus corpos. Agora, com a exposição aberta e com acesso livre, alcançaremos os mais diversos públicos convocando todos e todas à reflexão”, finaliza o artista.