Festival Latinidades celebra força da mulher negra e faz primeira edição de...

Festival Latinidades celebra força da mulher negra e faz primeira edição de 2024 na Bahia

O Festival Latinidades está de volta a Salvador, na Bahia, e anuncia uma programação repleta de arte, cultura, shows, debates e performances. Sendo a cidade que encerrou o festival no ano passado, em 2024 a capital baiana recebe a primeira edição do evento, que acontece entre os dias 5 e 7 de julho.

Pautado no tema Vem Ser Fã de Mulheres Negras, o Latinidades celebra a força transformadora e fundamental de mulheres negras na sociedade. Organizado pelo Instituto Afrolatinas e Funarte, com apoio de Sepromi Bahia, Secretaria de Cultura da Bahia, Governo da Bahia, Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia e Sesc Bahia, o evento será uma plataforma para gerar renda e amplificar vozes e talentos marginalizados, reforçando a importância de políticas públicas que promovam a equidade racial e de gênero.

Este ano, o festival presta homenagem a quatro mulheres pioneiras e que deram notáveis contribuições a diversos ramos e áreas da música: Rita Marley, expoente da música jamaicana e uma das responsáveis por expandir o legado do reggae ao redor do mundo, além de ter sido backing vocal do cantor, e seu marido, Bob Marley; Sister Nancy, também jamaicana e estrela do reaggae, hip hop e dancehall; Alaíde Costa, uma das maiores vozes da Música Popular Brasileira, e Sandra Sá, cantora, compositora e instrumentista brasileira, figura e voz icônica da música nacional. Sister, Alaíde e Sandra estarão presentes e farão shows durante o Latinidades Salvador. Além disso, o trabalho e a vida de cada uma das quatro artistas serão exaltadas ao longo do evento.

Considerado o maior festival de mulheres negras da América Latina, envolvendo anualmente todas as regiões brasileiras, com crescente participação internacional (mais de 30 países), o Latinidades é uma iniciativa continuada de promoção de equidade de raça, gênero e plataforma de formação e impulsionamento de trajetórias de mulheres negras nos mais diversos campos de atuação.

Idealizado por Jaqueline Fernandes, o festival é um encontro multilinguagem que busca desenvolver diálogos com o poder público e com organizações não-governamentais, movimentos sociais e culturais, universidades, redes, coletivos e outros grupos. É um espaço para convergir iniciativas oficiais e da sociedade civil relacionadas ao enfrentamento de racismo, sexismo e promoção da igualdade racial.

O projeto é um dos pioneiros em destacar o dia 25 de julho como um momento significativo para a visibilidade da mulher negra, comparável ao 8 de março em relação à questão feminina. Anualmente, oferece oficinas, debates com especialistas nacionais e internacionais, palestras, vivências, painéis, conferências, lançamentos literários, rodada de negócios, desfiles e apresentações de dança, teatro e música.

Como o Festival Latinidades se destaca por utilizar a arte e a cultura como catalisadores de debates sociais e civis, esta edição baiana segue o paradigma e o programa cultural, com nomes nacionais e internacionais, se consolida como espaço de diálogo e celebração das diversas expressões artísticas.

O primeiro dia começa com atividades no Sesc Pelourinho, no coração da capital da Bahia. Às 14h, haverá uma performance de dança de Vânia Oliveira, artista emblemática da cultura afro-brasileira, cuja carreira é marcada pela contribuição aos blocos afro de Salvador. Em seguida, às 15h, haverá um debate sobre Reparação e Bem Viver: Rumo à Marcha de 1 Milhão de Mulheres Negras, abordando os preparativos para a segunda edição da Marcha Nacional das Mulheres Negras, marco histórico na luta contra o racismo e a violência. Em seguida, às 17h, ocorre o debate Trançando a Arte e Vida: a Importância das Tranças como Patrimônio Cultural. A atividade visa compartilhar conhecimentos sobre as origens e os significados culturais, sociais e econômicos das tranças, além de discutir a importância de reconhecer e proteger o ofício de trancista como patrimônio cultural. Profissionais, ativistas e artistas participarão do debate.
A programação do dia termina com o espetáculo de teatro Medeia Negra, uma interpretação ousada e comovente que desafia as narrativas patriarcais e resgata a voz das mulheres negras. Este espetáculo, com concepção e atuação de Márcia Limma, propõe uma reflexão sobre questões de identidade e poder.

No sábado, dia 6 de julho, o Latinidades ocupa dois espaços distintos na capital baiana. Atividades, debates, recitais e oficinas acontecem no Sesc Pelourinho e no Largo Quincas Berro D’Água.
No Sesc, a partir das 15h, começa o Espaço Literário Latinidades, uma parceria com diversas organizações, na qual serão lançadas obras que abordam a atuação e o protagonismo das mulheres negras. Às 17h, o recital com Luciene Nascimento apresenta ao público sua obra, caracterizada como pedagopoesia. E no fim do dia, às 17h30, uma oficina de tranças será ministrada por Byany Sanches, seguida por uma palestra de Negra Jhô, às 18h30.

Já no Largo Quincas Berro D’Água, a programação começa às 10h, com uma oficina de danças paraenses, conduzida por Kiki Oliver, destacando o ritmo autêntico do carimbó, dança típica do nordeste do Pará. À noite, a partir das 20h, com apresentações musicais de Cronista do Morro, Afreekassia e A Dama, além de uma Feira de Afro.

Encerrando a edição baiana do Latinidades em 2024, no dia 7 de julho, no Largo Quincas Berro D’Água, acontece a 4a edição do Concerto Internacional Contra o Racismo. Organizado pela Coalizão Global Contra o Racismo Sistêmico e pela Reparação, o evento visa aumentar a conscientização e o compromisso social para erradicar o racismo e construir sociedades antirracistas. O concerto promove uma mensagem de respeito, igualdade e direitos humanos para as pessoas vitimadas historicamente pelo racismo sistêmico. Dentre os participantes estão a cantora, compositora e jornalista costarriquenha Sasha Campbell, o músico e produtor porto-riquenho indicado ao Grammy Latino, William Cepeda, Bel and Quinn, irmãs haitianas que estão movimentando a cena musical canadense, e Sued Nunes, cantora e compositora brasileira.

Aproveitando a experiência obtida nas últimas edições com a parceria do segundo Concerto Internacional, o festival será também uma celebração do Dia Internacional da Mulher Afro-Latino Americana, Afro-Caribenha e da Diáspora, 25 de julho. O ano de 2024 também marca o fim da Década Internacional das Pessoas de Ascendência Africana e a possibilidade de construir a Segunda Década para Pessoas de Ascendência Africana.Esta atividade terá participações de Sasha Campbell, William Cepeda, Bel and Quinn e Sued Nunes, citadas acima.

O Latinidades ainda realiza uma ação no Quilombo Mesquita, localizado na Cidade Ocidental, no estado de Goiás, no dia 20 de julho, e passa por Brasília, entre os dias 25 e 27 de julho. Além disso, haverá uma grande festa na cidade de São Paulo, também no dia 26 de julho.

Sobre o Instituto Afrolatinas
O Instituto Afrolatinas é uma organização de mulheres negras que desenvolve ações transversais a partir da educação, das artes, da cultura e da comunicação. Atuamos para articular e fortalecer diferentes saberes: nas artes, na academia, na rua, em casa, na escola, no chão de fábrica, na comunicação, nos movimentos sociais. Acreditamos no papel cidadão, político, econômico, inclusivo e inventivo da educação, das artes e da cultura, diante das transformações que o mundo necessita.

Confira a programação completa do Festival Latinidades em Salvador:

05 de julho, sexta-feira
Local: Sesc Pelourinho ● Performance de dança: Vânia Oliveira Horário: 14h
Descrição: Vânia Oliveira, figura icônica da dança afro, é mestra pela UFBA, doutoranda em Difusão do Conhecimento e líder no ensino e pesquisa das danças dos blocos afro de Salvador.

Ingressos:
https://www.sympla.com.br/performance-de-danca-com-vania-oliveira__2520820

● Debate: Reparação e Bem Viver — Rumo à Marcha de 1 Milhão de Mulheres Negras
Horário: 15h
Descrição: A 2a Marcha Nacional das Mulheres Negras está marcada para novembro de 2025, em Brasília. A primeira edição, em 2015, foi histórica, reunindo cerca de 100 mil mulheres e impulsionando o debate sobre a participação política das mulheres negras. O Latinidades também foi palco do pré-lançamento da primeira marcha, em 2015.
Participantes:
Valdecir Nascimento – RMNN/AMNB Nordeste
Vinólia Andrade – RMNN/AMNB Nordeste
Nilma Bentes – Cedenpa/Norte
Clátia Vieira – Fórum Nacional de Mulheres Negras/Sudeste
Ingressos:
https://www.sympla.com.br/debate-reparacao-e-bem-viver-rumo-a-marcha-de-1-milh ao-de-mulheres-negras__2520822

● Debate: Trançando a Arte e Vida — A importância das Tranças como Patrimônio Cultural
Horário: 15h30
Descrição: O objetivo da atividade é trocar conhecimentos sobre origens, significados culturais, sociais e econômicos, além de discutir a importância do ofício de trancista como patrimônio cultural a ser reconhecido e salvaguardado. Participarão da mesa profissionais, ativistas e artistas.

Participantes:
Anatalina Lourenço da Silva – Assessora de Participação Social e Diversidade
Vanderlei Victorino- Trançando Arte Brasil, Jundiaí SP
Byany Sanches – Rede Negra Amazonia, Belém do Pará Negra Jhô – Trançista e Multi Artista, Salvador Bahia Ingressos:
https://www.sympla.com.br/debate-trancando-a-arte-e-vida-a-importancia-das-tranca s-como-patrimonio-cultural__2521501

● Espetáculo de teatro: Medeia Negra Horário: 20h
Descrição: O espetáculo desconstrói o mito para empoderar as mulheres, confrontando a narrativa patriarcal através de uma performance que evoca ancestralidade e cânticos negros de libertação. Concebido por Márcia Limma, com direção de Tânia Farias e dramaturgia colaborativa, a peça desafia o público a refletir sobre mortes simbólicas impostas às mulheres negras. Com origens no Conjunto Penal Feminino de Salvador, o texto da carta transforma-se em um manifesto teatral, acompanhado pela direção musical de Roberto Brito e marcado pela intensidade da atuação de Limma, atriz e mestra em Artes Cênicas pela UFBA.
Ingressos:
https://www.sympla.com.br/espetaculo-de-teatro-medeia-negra__2521487

06 de julho, sábado Local: Sesc Pelourinho

● Espaço Literário Latinidades Horário: 15h
Descrição: A atividade é uma colaboração de Mulheres Negras Decidem, Instituto Marielle Franco, Editora Diálogos Insubmissos de Mulheres Negras da Bahia, Fundação Rosa Luxemburgo e Juristas Negras. Durante o evento, acontece o lançamento da versão em espanhol de La Radical Imaginación Política de las mujeres negras brasileñas, obra que destaca as respostas das mulheres negras brasileiras diante da crise social, política e econômica. Também apresenta Estamos Prontas: Lições de Lideranças Negras Coletivas nas Eleições Brasileiras, fruto da parceria entre Movimento Mulheres Negras Decidem e Instituto Marielle Franco, e A justiça é uma mulher negra, primeiro livro da Coleção Juristas Negras, que dialoga sobre uma justiça pluriversal com base afrodiaspórica interseccional.
Ingressos: https://www.sympla.com.br/espaco-literario-latinidades__2520857

● Recital com Luciene Nascimento Horário: 17h
Descrição: Advogada, maquiadora, retratista e poeta. Os vídeos de sua pedagopoesia, estilo de escrita que une conceitos complexos e a sensibilidade poética, acumulam mais de 5 milhões de visualizações na internet. Em razão deles já foi citada pela imprensa como inspiração de novas gerações na literatura. Autora de Tudo Nela é de se Amar – A pele que habito e outros poemas sobre a jornada da mulher negra, da Editora Sextante.
Ingressos: https://www.sympla.com.br/recital-de-poesia__2521706

● Oficina de Tranças com Byany Sanches Horário: 17h30 Ingressos: https://www.sympla.com.br/oficina-de-trancas__2521511 ● Palestra com Negra Jhô
Horário: 18h30
Ingressos: https://www.sympla.com.br/palestra-com-negra-jho__2521520 06 de julho, sábado
Local: Largo Quincas Berro D’Água

● Oficina de Danças Paraenses Horário: 10h
Descrição: Focado na dança e nos ritmos do carimbó, o evento oferece uma jornada que explora suas origens indígenas, africanas e europeias, proporcionando uma experiência enriquecedora e afetiva da cultura paraense.
Ingressos: https://www.sympla.com.br/oficina-de-dancas-paraenses__2521524

● Shows + Feira Afro
20h Cronista do Morro
Nascida e vivenciada pelas ruas do bairro da Liberdade, em Salvador (BA). Iniciou sua carreira na música aos 14 anos através do Funk, hoje conduz suas composições por meio do Hip Hop. Como artista negra lgbt+ e periférica, o seu discurso sucede em confronto à precariedade e a violência social cotidiana a partir do seu território de origem. A musicalidade de Cronista do Morro é contemporânea,forte e impactante, te convidando a refletir sobre a realidade desde a primeira audição.
20h30 Afreekassia
Nascida e criada na Baixada Santista, litoral de São Paulo, Afreekassia é uma das novas vozes das mulheres negras na música brasileira. Iniciando sua carreira musical como DJ em 2016, a artista atualmente tem se destacado no cenário do rap nacional com o seu trabalho como cantora.
21h30 A Dama
A Dama destacou-se por suas letras que exaltavam a liberdade e independência das mulheres no pagode, tornando-se uma das maiores vozes femininas do pagode baiano. Em 2019, teve sua primeira participação no Carnaval de Salvador, sendo considerada a banda revelação e mostrando ao mundo o poder das mulheres no pagode. A partir desse momento,ganhou um enorme protagonismo dentro do ritmo, sendo reconhecida por sua voz potente e estilo único.
Ingressos:
https://www.sympla.com.br/shows–feira-de-afro-empreendedorismo__2521529

07 de julho

Local: Largo Quincas Berro D’Água ● Concerto Internacional Contra o Racismo Horário: 19h
Descrição: O 4o Concerto Internacional Contra o Racismo, organizado pela Coalizão Global Contra o Racismo Sistêmico e pela Reparação, visa aumentar a conscientização e o engajamento público na luta contra o racismo, promovendo igualdade e direitos humanos. Após uma parceria bem-sucedida no 2o Concerto Internacional, o evento retorna ao Festival Latinidades em 2024, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher Afro-Latino Americana, Afro-Caribenha e da Diáspora, marcando também o encerramento da Década Internacional das Pessoas de Ascendência Africana e o início da possibilidade de uma Segunda Década para Pessoas de Ascendência Africana.
Participantes:
Sasha Campbell (Costa Rica): Cantora, compositora, jornalista, locutora e apresentadora de televisão, é uma das cantoras e personalidades televisivas mais reconhecidas da Costa Rica.
William Cepeda (Porto Rico): Compositor, produtor e multi-instrumentista com quatro indicações ao Grammy.
Bel and Quinn (Haiti-Canadá): Duas irmãs de origem haitiana que estão marcando presença na cena musical canadense. Caracterizando seu som como uma mistura cativante de soul, jazz e funk, o público qualifica suas performances como enérgicas e comoventes.
Sued Nunes (Brasil): Cantora e compositora de Salvador, na Bahia. Sua música traz ecos de uma ancestralidade futurista. Ficou conhecida após seu álbum de estreia de grande sucesso Povoada.
Ingressos:
https://www.sympla.com.br/concerto-internacional-contra-o-racismo__2521717