Indicada ao Prêmio Braskem, espetáculo Por Que Hécuba realiza últimas apresentações no Teatro Vilha Velha

Ambientada entre a cidade lendária de Tróia e a capital da Bahia, a trama da acontece simultaneamente na Grécia Antiga e no Carnaval de Salvador, instalando um lugar entre a festividade e a tragédia.

Hécuba, a rainha derrotada na lendária Guerra de Tróia, encarna muitas das dores do mundo de hoje, em que uma série de outras guerras cotidianas são desencadeadas pela intervenção dos novos deuses, que ocupam as diversas esferas do poder contemporâneo.

A releitura do dramaturgo romeno Matéi Visniec encontra a montagem instigante do diretor baiano Marcio Meirelles. Por que Hécuba, que concorre ao Prêmio Braskem de Teatro nas categorias Espetáculo, Atriz (Chica Carelli) e direção (Marcio Meirelles), fica em cartaz até o dia 31 de março com ingresso R$20 inteira e R$10, meia-entrada).

“Por Que Hécuba é uma peça sobre a violência, como ‘Hécuba’, de Eurípedes. Mas na minha peça o olhar vai além do sofrimento e da vingança. Eu quis empurrar Hécuba para a revolta. Eu quis que essa mulher fruto da mitologia grega interpelasse os deuses, e com isso os próprios fundamentos da nossa civilização”, explica Matéi Visniec. O dramaturgo propõe ainda um vôo sobre um humor triste. Para Visniec, a Tróia de nossos dias pode estar na Bósnia, na Chechênia, em Beirute, na Somália, na Síria ou em qualquer país repartido e assombrado pelo espectro da guerra civil.

E, claro, no Brasil atual, atravessado por tantas intransigências e violentos jogos de poder. Como acredita Márcio Meirelles, “estamos vivendo isto: uma sociedade que se divide e subdivide em classes, gêneros raças, crenças. Como se tudo e todos não pudessem conviver com o contraditório, com opiniões, ritos e ideologias diferentes”, acrescentando que o espetáculo discute o por quê de tanto ódio e de uma reação movida pelo ódio ao que foi construído socialmente. “Por que o que foi construído tem que ser destruído com tanto ódio?”, indaga.

A reposição de Por Que Hécuba, que já foi encenada pela universidade LIVRE do Teatro Vila Velha em 2014 e pela Companhia Teatro dos Novos em 2017, acontece nesse clima de incertezas. E repor é “restituir um sistema de signos, recolocar este sistema em cena num novo tempo com um novo elenco”. Diferente de uma remontagem, a encenação propõe novas leituras do texto, alteradas por este tempo, pelas particularidades do Brasil em que o texto se insere e pelo novo elenco.

Protagonizada pela atriz Chica Carelli – que também colaborou na tradução do texto feita por Vinícius Bustani – o espetáculo ganha corpo com o histórico grupo Teatro dos Novos, que conta ainda com a participação de atores e atrizes convidadas como Celso Jr., Grazielle Mascarenhas, Daniel Calibam, Caio Rodrigo, Wanderley Meira, Marcelo Jardim, Leo Sclark, e Yan Britto. Além deles, como parte do coro, participantes da universidade LIVRE do Teatro Vila Velha. Somando-se a eles a música composta em modos gregos turcos nordestinos e do rock’n’roll, por Aline Falcão.

SERVIÇO:

O QUE: POR QUE HÉCUBA – Teatro dos Novos, Universidade LIVRE e convidados
ONDE: Teatro Vila Velha – Av. Sete de Setembro, s/n – Passeio Público – Campo Grande, Salvador/BA.
QUANDO: Até 31 de março, Quinta a sábado – 20h / Domingo – 19h
Ingressos:  R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia)
ONDE COMPRAR: À venda na bilheteria do Teatro e no site www.ingressorapido.com.br
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Sobre Uran Rodrigues 10198 Artigos
Uran Rodrigues é um influente agitador cultural, promoter e idealizador do famoso baile O Pente (@opente_festa), além do projeto Sinta a Luz (@sinta.a.luz). Com uma carreira dedicada à promoção da diversidade cultural e artística, Uran conecta pessoas por meio de eventos que celebram a arte, a moda e a cultura preta. Seu trabalho busca não apenas entreter, mas também valorizar e dar visibilidade às potências culturais de Salvador e de outros estados do Brasil.