Fotos: Vanessa Martinez
O juazeirense Fatel lançou na última sexta, dia 21 de julho seu mais novo single, batizado de ‘Como as ondas’. A faixa, disponível em todas as plataformas musicais de streaming é a primeira a ser lançada na atual edição do selo Novíssimos Labs.
Ao lado de Zé Manoel, artista recentemente indicado ao Grammy Latino, o cantor e compositor entoa versos que transportam os sentidos para o vaivém das marés. E não é de agora que o dueto é desejado por ambos. “A ideia de chamar Zé foi pela sutileza que ele consegue ter tanto ao cantar e tocar piano quanto na educação e na delicadeza que são particulares dele”, elogia Fatel.
‘Como as ondas’, explica Fatel, se desenha como “um mantra”. “Foi inspirada nesse movimento cíclico. Ela tem um texto pequeno que se repete algumas vezes, enquanto a melodia escala em intensidade”, descreve.
A faixa abre o seu mais novo álbum solo, ‘Rasante’, palavra que faz referência ao voo dos pássaros sob as águas do mar, que embelezam o quadro vivo das paisagens feitas as de Salvador. “No disco, o que eu fiz foi tentar reunir o clímax de todas as minhas músicas mais ouvidas, captando as ambiências e texturas delas”, fundamenta Fatel.
O projeto Novíssimos Labs é realizado pela Maré Produções e criado em parceria com o selo criativo IXI, apresentado pela Devassa (via Tudo Nosso) e pelo Governo da Bahia, e patrocinado pela Oi Futuro. As empresas vão custear a produção de faixas exclusivas de 12 artistas. O Novíssimos Labs é pensado para ser uma grande oportunidade de visibilidade e aceleração da carreira de artistas e bandas emergentes da Bahia.
“Novíssimos Labs surge do desejo de criar oportunidades de aceleração para um coletivo de jovens artistas da música contemporânea brasileira”, afirma Fernanda Bezerra, diretora geral da Maré Produções, idealizadora e curadora do projeto. ”É uma plataforma do futuro. Quem acredita nos Novíssimos, acredita no futuro. Somos uma ação que fomenta a formação, criação e difusão da novíssima cena contemporânea da música brasileira, atuando nos três principais elos da cadeia”, ressalta Fernanda.
O cordão umbilical de Fatel é a raiz de um Juazeiro
Corre nas veias de Fatel, condutoras de um legítimo sangue juazeirense, o sonho de transportar consigo o nome da sua terra natal a um nível de reconhecimento nacional. “Quero que quando pensarem em mim pensem em juazeiro assim como quando pensam em João Gilberto”, projeta, orgulhoso.
Mas, por mais que o artista se espelhe na magnitude cultural representada pelo “bruxo de Juazeiro” – como bem definiu Caetano Veloso –, é o cearense Fagner que faz a sua cabeça. Nordestinos, todos eles. Mas Fatel e Fagner têm em comum não só a região e a letra F.
Entre eles, há um provável elo árabe, afinal a família de Fatel possui origens sírio-libanesas e Fagner já revelou à imprensa que o pai nasceu em Beirute, capital do Líbano. Os dois concordam, também, que há muito do Oriente Médio na cultura do Nordeste. “Fagner é o mouro do sertão. Então, para mim, tem esse lance de sonhar a existência de um laço sanguíneo perdido”, confessa.
A playlist de Fatel também tem espaço para um cancioneiro menos afamado, sem deixar de ser popular. Ele cantarola ao citar ‘Piranha’, um sucesso da voz paraense Alípio Martins, como uma composição que escuta sem enjoar. “‘Piranha / É um peixe voraz / Do São Francisco’… É maravilhosa! Um carimbó incrível, que é a cumbia brasileira”, indica.
A trajetória de Fatel na música
Com raízes no Vale do São Francisco, entre Juazeiro e Petrolina, o cantor e compositor Fatel se firmou como uma potência em plena ascensão da MPB já aos 25 anos. No princípio, para ele, havia o verbo. Ou melhor, os versos. Fatel conta que, desde “bem novinho”, se ligava à literatura e foi na figura de leitor ávido de poemas que se tornou músico. “O poema tem um ritmo que, por si só, já insinua música”, desvenda.
No rol de instrumentos musicais, o violão foi o companheiro originário. Hoje, o artista também esbanja rifles de guitarra. O percurso o preencheu da coragem necessária para compartilhar com o mundo os seus talentos. Tanto foi que o CD ‘Narciso’, trabalho de estreia lançado em 2016 por ele, ganhou destaque por encarnar no mundo a sua voz rasgada e única, e suas composições profundas, que marcam as cabeças e os corações de quem as ouve.
Os álbuns que vieram depois, como o EP ‘pã’, de 2018, e o álbum ‘Tá aí o tal jardim de areia. no deserto acontece o possível’, de 2019, escreveram na pedra o nome de Fatel, de significado enigmático.
Em 2020, Fatel expandiu as fronteiras musicais com um projeto paralelo, ‘A Trupe Poligodélica’. A Trupe, para ele, representa a parceria mais significativa de sua carreira artística. Com as nove canções assinadas por Fatel, o disco ‘A Transmutação do eco em lenda’ não teve medo de misturar rock progressivo e psicodelia com elementos fortemente nordestinos, como o baião e o galope, mais umas pitadas de literatura cordelista. E a onda bateu.
Com todas as canções assinadas por Fatel, o álbum conquistou os ouvidos baianos. Até os mais ilustres. Tom Zé, baiano do sertão de Irará e um dos maiores expoentes do movimento tropicalista, convidou A Trupe para abrir o show ‘Língua Brasileira’ na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em setembro de 2022. A participação ocorreu após uma temporada de Fatel em São Paulo, megalópole nacional onde, ao se conectar a milhares de pessoas, adentrou de vez à vitrine musical do Brasil.
Ao longo da trajetória, Fatel atraiu os olhares de outras tantas plateias em festivais renomados, como o Edésio Santos da Canção (2017, 2018, 2019), o TOCASALVADOR! (2021) e o Mercado IAÔ (2021). Nos palcos dos teatros do Sesc, na Bahia e em Pernambuco, proporcionou momentos memoráveis àqueles que tiveram o prazer de vê-lo ao vivo.
Agora, com moradia fixa em Salvador, Fatel abrilhanta ainda mais o quarteto ‘Outras Vozes’ e divide os vocais com três cantoras e instrumentistas de respaldo, Ana Barroso, Angela Veloso e Luiza Brito.
Ficha técnica
Voz: Fatel e Zé Manoel
Letra: Fatel
Melodia: Fatel
Violão: Fatel
Teclas: Zé Manoel
Caixa de bateria: Alvin Soares
Mixagem: Alvin Soares
Master: Alvin Soares
Captação: Studio Casa Azul 81 (Alvin Soares)