Pagorock: guitarra pesada, pagodão baiano e bregadeira – é com essa mistura que a
influenciadora conhecida como “pior tatuadora do mundo” Malfeitona lançou o seu primeiro
single solo “Roqueira no Paredão” nas plataformas digitais.
Com a participação da cantora Tertuliana da banda A Travestis, Malfeitona que é conhecida por seus vídeos engraçados e pelo conceito de “Tropical Darkzeira”, sempre agregando referências estéticas e culturais do rock, sem perder o toque tropical e divertido característico da sua cidade natal, Salvador.
A ideia da música surgiu a pedido do público que acompanha o trabalho da artista após o
vídeo “Tropical Darkzeira” atingir mais de 1 milhão de visualizações no perfil de Malfeitona
no Instagram. A música conta inclusive com um sample do vídeo original “Olha como ela
vem, toda tropical Darkzera, toda trevosa se rebolando, essa dark gostosa. Pirigótica quica
e rock! Agora dá uma viradinha pra poder mostrar essa raba das trevas”.
Ela descreve o som como a mistura perfeita para a galera que curte tanto rock quanto
ritmos dançantes. “Não precisa escolher entre gostar de rock e funk, pagodão ou bregadeira
– dá pra gostar de tudo. Eu quero que esse seja o hino das ‘tropicais darkzeiras’, das
pirigóticas. É para quem já gosta de pagodão e de música para dançar, quanto para a
galera que é do rock, não resiste e também dança”, afirma Malfeitona.
O single é autobiográfico tanto na letra quanto no estilo musical, ele foi criado baseado nas
as referências sonoras dos ritmos rock, pagodão baiano e bregadeira, que são consumidos
pela artista. Para fazer essa mistura inusitada de sons, ela contou com a participação do
produtor musical baiano Weber, que já trabalhou com nomes como Whindersson Nunes e
Pabllo Vittar.
Ele curtiu tanto a ideia de “Roqueira no Paredão” que logo comprou a ideia do projeto.
“Weber foi a pessoa perfeita pra fazer isso porque assim como eu ele consome muita
música dark, então entendia minhas referências, ao mesmo tempo que sabia muito bem
fazer música para meter dança. O desafio foi saber misturar os dois e deixar cremoso, mas
ele fez bem demais. ”, conta.
Rainhas dos Paredões
Os paredões de pagode baiano definem se um artista é amado ou não por quem consome o
estilo. E em Salvador, das caixinhas de som de quem tá curtindo uma praia aos paredões
dos bairros ecoam os hits “Murro na Costela do Viado” e “Abaixa o preço do gás”, sucessos
da artista A Travestis.
Do interior do Piauí para o Brasil: historiadora pela UFRJ, escritora, compositora e
multi-artista Tertuliana ganhou o Brasil ao trazer sua arte disruptiva para a cena do pagodão
baiano com seu projeto A Travestis, que coloca no universo do pagode pautas trans e
feministas, desbravando um universo que historicamente masculino.
Com participação no álbum “111 Deluxe” de Pabllo Vittar, ela foi a parceria ideal para
Malfeitona lançar seu primeiro single. ” A ‘Tertu’ foi o melhor feat. possível pela própria
história da música, porque ela seria a amiga perfeita para te levar para o paredão, ela é a
rainha dos paredões de Salcity. Ela também está sendo como uma madrinha da música
para mim me dando força e me ensinando caminhos como alguém mais experiente nessa
cena”, conta.A dupla tem uma admiração artística mútua: Malfeitona admirava seu trabalho artístico e as duas se aproximaram após Tertuliana convidá-la para escrever o prefácio do seu livro, o “Playboi”.
Aprendizados da Pandemia
Helen Fernandes, conhecida na web e fora dela como Malfeitona reúne um currículo bem
diverso: ela é influencer, artista visual, tatuadora, mestra em comunicação, DJ e agora
cantora e compositora.
Sempre flertou com a música, mas como hobby. Durante os períodos de isolamento social
em decorrência da quarentena de Covid-19 voltou a se aproximar da música pela
convivência com seu companheiro Sebastian, músico, produtor e compositor da banda
Francisco El Hombre e Sebastianismos.
“Morando juntos acabamos influenciando muito um ao outro. Tivemos muitas trocas nesse
período de isolamento. O que mais fizemos juntos na pandemia foi arte, a gente até brinca
que é um casal que quase não assiste filme juntos porque em nosso tempo livre nos
divertíamos sempre criando algo. O processo de ver uma ideia se tornar em uma música
me fascinava e acompanhar o trabalho de Sebastian me fez entender etapas e ver que a
magia da criação é só a faísca inicial, a maior parte é botar a mao na massa e trabalhar. Ele
me estimulou a aprender e me ensinou muita coisa.”, conta.
Após esse reencontro com a música, foi um período de 40 dias sozinha em casa que fez
Malfeitona desenvolver “Roqueira no Paredão” e entrar em contato com Weber e Tertuliana.
“Eu sou tímida, precisei desse tempo sozinha para chegar nesse resultado como algo meu”.