Monica Anjos sempre esteve e estará nas linhas que contam a nossa vitória. Falar das nossas vivências através da arte é transformador.
A cantora e compositora Bia Ferreira já começou dando o papo reto na abertura do desfile de Monica na Casa de Criadores na semana passada, dia 07 de julho em Sampa.
“As semanas de moda no país, nesses últimos anos, têm mostrado ao Brasil e ao mundo que nada pode ser feito ignorando os povos originários nem parte da população que construiu e trabalha duro por esse país, e falta palco para mostrar tanto talento, conquistas, beleza! racist or anti-racist that is the question” lembrou a estilista no release de apresentação da sua participação na 50 edição da CDC.
Participando presencialmente da última edição do maior evento de moda autoral da América Latina, a estilista levou às passarelas muitos gritos de protesto na coleção MANIFESTO, usando a moda para falar sobre o genocídio do nação indígena e do extermínio do povo preto.
O clamor é geral e uma galera deu os seus corpos e corpas para serem vistos e apresentar um país diverso e questinador.
Com beleza assinada por Maxweber, direção geral e casting feito por Carlos Cruz, style de Fagner Bispo e Henrique Versoni, trilha de Raíz, direção criativa de Gil Alves, nomes como Sônia Guajajara, Preta Rara, Xan Ravelli, Jonathan Ferr, Tulia Ruiz, Fabiola Machado, Zé Manoel e Thainá Monteiro.
Mônica está com loja na Rua Girassol, 231, Vila Madalena em São Paulo. News no Instagram @marcamonicaanjos.
MANIFESTO
Dois mil e vinte e dois, cem anos da Semana de Arte Moderna e década em que o Manifesto Antropofágico completará 100 anos (1928-2028). Esse acontecimento reconhecido pela historiografia das artes brasileiras, nos inspira, sim. Mas também nos faz lembrar o quanto reproduziu o viés racista que perdura até hoje, de forma estrutural, em nossa sociedade; o evento que se propunha romper com o formalismo estético e criar uma arte autenticamente brasileira, não foi capaz de inserir a produção negra, nem dialogar com nomes como Lima Barreto e Lino Guedes.
Enquanto a história escolhe os registros que lhes convém, continuamos cem anos depois, como fizemos séculos antes da Semana de 22, lutando e nos posicionando. Verdade que incontáveis vezes nossas transcrições têm sido bordadas a sangue. Contudo, as estruturas políticas alinhadas à estética nas diversas organizações religiosas de origem africanas; o aquilombamento dos Movimentos Negros que resulta no Teatro Experimental do Negro, no Kilombhoje dos Cadernos Negros, nas conquistas individuais e coletivas em todos os setores artísticos políticos e sociais, nos fazem lembrar que a luta pela/com arte, também faz parte de nós, e continuará sendo lembrada inspirando ideais, almejando mudanças
Entre “arte pela arte” e “arte como representação da realidade”, lembramos que “nossa felicidade é uma felicidade guerreira”, nossa história (de luta) vem de longe, então: nossa arte não é panfletária, é política! Nesse alinhavo necessário, reconhecemos que, a moda toda vez que se posicionou/posiciona fez/faz com arte. Moda de/e para corpos ignorados não tem outro caminho, assim tem sido e assim caminhamos para a 50 edição da Casa de Criadores, a primeira participação presencial da marca Mônica Anjos – Moda com Identidade.