Embalado por uma linguagem pop, com um suingue que propõe muitos movimentos corporais, a cantora baiana Nara Couto estreia o novo álbum Retinta, abordando as afetividades como uma ferramenta política e de filosofia de vida.
O disco está nas principais plataformas de música via selos Alá Comunicação e Natura Musical.
Através de um olhar de uma mulher preta retinta, Nara Couto exalta sua ancestralidade e convoca todas as mulheres do seu clã a reconhecerem seu valor, que é historicamente negado pela sociedade.
O disco traz relatos sobre afetividades nas mais variadas formas e já na faixa que abre e dá título ao disco, Nara mostra a que veio, ressignificando a expectativa sobre ser esta mulher.
“Quis falar sobre como eu me sinto, potente, me amando, me autorizando a ser quem eu sou, a falar sobre afetos, não precisando ser a mulher que sempre está lutando e resistindo, sem precisar ser forte o tempo todo. É preciso nos defender e pontuar como somos vistas na sociedade, de forma excludente e tendo nossa beleza negada “, explicou.
O álbum conta com participações de nomes como RDD na faixa Tempo, que traz na composição o sentimento de estarmos ao lado de quem gostamos e o quanto esse tempo é especial. Já para a música Cura, que é uma composição em parceria com Marisol Mwaba e Eduardo Brechó, Nara traz a angolana Ary para um feat.
“Essa canção fala sobre sermos nosso sol, nossa cura, com as misturas dos sotaques baiano e angolano e a junção das percussões criadas por Tiago Nunes e Luan Costa”, destacou.
Com produção musical assinada por Nara Couto e Faustino Beats, Retinta traz de forma harmônica a soma dessas duas linguagens sonoras. Faustino Beats imprime neste trabalho todo o conhecimento de música eletrônica, urbana, do rap, com arranjos sofisticados, que se completam com a sonoridade de Nara, que vem dos tambores religiosos, da vivência com sons e ritmos de alguns países africanos e na forma de cantar, trazendo duas grandes inspirações, Sara Tavares e Sade Adu.
Retinta foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura da Bahia (FazCultura), ao lado de Mestre Aurino de Maracangalha, Mahal Pita e Mercado Iaô, por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para 58 projetos de música até 2020, como Margareth Menezes, Jadsa, Mateus Aleluia e Ilê Ayê.
Para Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding, a “Natura Musical sempre acreditou na força da música para mobilizar as pessoas. Para refletir esse propósito e dar espaço à diferentes vozes, a plataforma apoia artistas, bandas e projetos de fomento à cena capaz de amplificar debates como a diversidade, a sustentabilidade e o impacto positivo na sociedade”, afirma.
OUÇA
*Foto divulgação Kevin Oux