Uma das marcas mais consolidadas quando o assunto é o Carnaval de Salvador, o Band Folia faz parte da história da festa e da memória coletiva quando se pensa na transmissão e cobertura da folia na capital baiana. Entre a lista dos muitos nomes que contribuíram para o sucesso do projeto, um se destaca pela ousadia, ineditismo e transformações que permitiram a marca Band Folia se estruturar e fortalecer ao longo de mais de duas décadas: a diretora executiva de Criação do Grupo Bandeirantes, Luciana Kritski, que é ainda membro da ABCine, escritora e curadora de arte.
Essa história começa em 1998, quando ela estreou na transmissão do projeto pela TV Band Bahia. Na época, sua carreira ainda era na frente das câmeras, apresentando o 7+7, programa diário que mostrava a diversidade da cultura baiana, com foco tanto em artistas consagrados como nos nomes novos na cena. “Éramos jovens, chegávamos antes aos trios e a regra era que a equipe que subisse primeiro, falava primeiro no ar. Aprendemos rápido e corríamos muito para segurar a entrada na avenida para as duas únicas câmeras que tínhamos em gruas por lá”, lembra.
Entendendo o potencial da exibição da festa para a TV, no mesmo ano ela seguiu para São Paulo para defender a ideia de uma transmissão nacional. Sem sucesso naquele momento, a semente foi plantada. Ao final do ano, Luciana partiu para um estágio fora do país e, na volta, soube que a emissora estava mirando no Carnaval de Salvador. “Fiquei mega feliz! Na época ainda como apresentadora, cheguei a participar de algumas apresentações do Band Folia”, destaca a diretora, que seguiu fortalecendo sua relação com o projeto e com o canal. Exatos 20 anos após, em 2018, já como Diretora Executiva de Criação do Grupo Bandeirantes, ela foi a responsável por mudar a logomarca para o Carnaval do ano seguinte: “incorporei uma linguagem mais tribal a ela, inspirada nos deliciosos ensaios que tinha ido no começo do Candyall Guetho Square. E acrescentei à logomarca um coração, entendendo que havia uma história de amor entre a Band Folia e a Band”.
Outras mudanças significativas também estão no escopo das ações conduzidas por Luciana. Ela alterou a programação visual, criou um novo modelo de troféu, trocando a tradicional mãozinha de acrílico pelo coração de origami. Mesmo imersa em tantos outros projetos da emissora, os últimos três carnavais tiveram a assinatura dela na criação visual, cenários, figurinos e conceitos. E, quando se fala em conceito, é dela a ideia, por exemplo, de incorporar apresentadoras locais na programação nacional. “Entendi que a bagagem dos apresentadores baianos, que conhecem a fundo a festa, somaria muito ao Band Folia. Assim, nasceu a primeira dobradinha das Jus (Ju Guimarães e Ju Morais). Na época lembro de ter criado o mote ‘elas fazem jus a essa festa’”, lembra Luciana que, no último carnaval, assinou a criação do cenário físico e apoiou o retorno de Betinho à apresentação, junto a Zeca Camargo, Pâmela Lucciola e Ju Guimarães.
Para 2024, ela aposta em mais novidades. O projeto ganhará novas logomarca e programação visual, que vai homenagear marcos da folia no Brasil, desde o desfile do corso (evento de Carnaval importante no Rio de Janeiro no início do século XX) até chegar ao estúdio glass no camarote Planeta Band, em Salvador, de onde é conduzida a transmissão. A vinheta vai exibir os principais cenários de cobertura nacional da festa, com as escolas de samba, as avenidas, o Galo da Madrugada e, claro, o Carnaval em Salvador.
Tudo isso foi possível graças ao retorno dela à Band. Depois de uma temporada imersa em outros projetos audiovisuais, em 2014 Luciana voltou para a emissora paulista, assinando a Direção de Arte da rede. Três anos depois, em 2017, ela foi convidada para assumir a Direção de Criação do Grupo Bandeirantes todo (nacional e rede). “De lá para cá, junto com meus pares, criei o Núcleo de Arte e Criação Bandeirantes (NACBR), que englobava videografismo, computação gráfica, redes sociais, cenografia virtual e física, house, figurino, maquiagem, gestão de marcas e novos projetos. Como era meio surreal ter tantas diretorias, em 2022, por motivos de saúde, entreguei cinco departamentos, ficando com os demais”, resume.
Sua história com a TV nacional é marcada ainda por uma diversidade de projetos na Bahia. O 7+7, apresentado por ela, foi criado com o irmão André Dias, e Cláudio Nogueira, antigo diretor da Band no estado: “Era uma revista eletrônica que ia ao ar de segunda a sexta no começo da tarde, e foi escola de muitos novos talentos na cena audiovisual soteropolitana. Escrevia para revistas locais em paralelo às campanhas publicitárias, e em seguida fui para a Rede Bahia (transmissora da Globo no estado)”. Ainda na capital baiana, conduziu matérias e programas para a TV Salvador. Com uma carreira que se amplia no audiovisual como uma profissional de multimídia – “sou diretora cinematográfica com DRT e tudo, desde 1993”, como gosta de destacar – Luciana já filmou curtas e médias e está em fase de pré-produção de um longa que será rodado na Bahia. “Nos últimos anos tenho participado de muitos festivais de cinema como palestrante, apresentando painéis, fazendo rodada de negócios. Sou apaixonada por todas as formas de contar histórias, na TV, teatro, podcasts, telonas. Admiro profundamente minha equipe de trabalho e as muitas equipes que tive a honra de liderar. Gosto mesmo de fazer pontes e descobrir gente que FAZ!”, se define orgulhosamente.