A poetisa Ana Cecília Ferreira, autora de “Parida pela Liberdade” e “Nossa Pele”, vai tomar posse na Academia de Cultura da Bahia (ACB). A cerimônia será realizada no dia 20 de dezembro (sexta-feira), no Hotel Portobello, em Ondina. Ela foi eleita de forma unânime pelos integrantes da casa, depois de uma votação no último dia 29 de novembro.
Filha de uma Yalorixá, Ana Cecília atua ainda como psicóloga, com um trabalho voltado para diversas mulheres em vulnerabilidade social, visando a superação de problemas. Sua infância foi marcada pelo bulliyng e intolerância religiosa e sua escrita tem o objetivo de mostrar que mulheres, ainda que com suas marcas, podem aquilo que elas quiserem. Seu olhar é voltado para a luta contra o preconceito contra as religiões de matriz africana, o racismo e a homofobia, mas ela também narra o amor como combustível da sua vida.
“A literatura que eu faço é para contribuir socialmente para o rompimento desses silêncios que insistiram em nos colocar. Que eu e outras tantas possamos estar nos lugares merecidos por cada uma de nós. Eu quero falar de amor, de dor, lembrar que as artes não tem cor definida, eu quero falar e validar que narrativas não fazem par com silêncios”, destaca Ana.
Seu nome foi indicado pela acadêmica Josenita Luz. A Academia de Cultura da Bahia foi fundada em 2004 e é presidida por Benjamim Batista, fundador de academias em Portugal, França, Itália e outros países. A ACB surgiu para fortalecer o setor cultural na Bahia, reunindo intelectuais e artistas, promovendo um espaço de valorização das artes baianas.
“É de grande responsabilidade defender toda forma de expressar o que é arte. A Bahia é um berço rico em tradições e ancestralidade e eu me sinto muito emocionada por isso tudo e grata demais por ser eleita. A minha arte é reconhecida e reverencio, nesse momento, todas as mulheres que me fizeram chegar até aqui, em especial às minhas mães, as Yalorixás Elza Ferreira e Claudinete Maia. Essa reverência é para todas as mulheres da minha família”, destaca.
Ana vem despontando como uma referência na escrita negra contemporânea no estado, com participação em diversos eventos literários. Assina e dirige, em Salvador, o projeto social “Do Avesso à Palavra”, em incentivo à escrita de mulheres. Membro da Academia de Letras e Artes de Lauro de Freitas, no ano de 2023 foi uma das curadoras da 1º Festa Literária de Lauro de Freitas a FLILAURO. Ela tem poemas publicados em antologias nacionais e internacionais, coordena o projeto “A Hora da História”, em incentivo à leitura infantil. Neste ano ela concorre ao Prêmio Zélia Saldanha, com uma obra inédita, prevista para ser lançada no primeiro semestre de 2025.