Premiada no Nacional Pierre Verger de Fotografia, Amanda Tropicana expõe ensaio documental no MAB

Amanda Tropicana – foto por Camila Brito

A noite de ontem (06) foi marcada pela entrega dos prêmios aos classificados na 9ª edição do Prêmio Nacional Pierre Verger de Fotografia. Artista carioca radicada em Salvador desde o ano 2000, Amanda Tropicana venceu na categoria “Ancestralidade e Representação”, com o ensaio “Memórias do Patiti Obá”. Trata-se de um registro documental realizado no solo sagrado de Xangô, no Ilê Axé Oba Tadê Patiti Obá, do qual ela é filha, fundado por Manoel Bonfim em 1907 no Engenho Velho da Federação, regido atualmente pela yalorixá Neide de Oxum, sua mãe de santo. 

Ensaio Memórias do Patiti Obá, por Amanda Tropicana

Nele, Amanda conta, através das imagens, a vivência no ritual do terreiro. O conjunto de fotos pelo qual a artista foi premiada está exposto no Museu de Arte da Bahia (Corredor da Vitória), com visitação gratuita de terça a domingo, de 10h às 18h, até o dia 10 de março. Ele integra a coleção junto a outros 12 ensaios fotográficos classificados, que estarão no catálogo do Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger 2023/2024. 

“Esse trabalho mantém viva a memória desse lugar, desse solo sagrado. Isso é o maior tesouro que pode ter. Pude apresentar como são os dias vivendo no chão de Xangô. Esse prêmio é dele, é da minha casa, dos meus ancestrais, dos meus santos, da minha família biológica, da minha família de santo, pra força viva de Xangô”, celebra a fotógrafa.

Além desse trabalho, Amanda está expondo ainda no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA), em “Entreatos Capítulo III: Fotografia”, uma mostra coletiva que acontece na Capela do museu. Amanda doou ao MAM a obra Flores ao Mar, de 2013 – uma imagem feita na Ilha de Itaparica.

Fotógrafa, mãe e filha das águas, como se identifica, Amanda nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro, e mudou-se para Bahia, terra natal de seus pais, no ano 2000. Foi criada em Salvador, local onde também descobriu sua paixão pela fotografia, em 2005, ainda durante a escola, em um contra-luz feito na Ladeira da Barra. Desde então, segue fotografando sua relação com a cultura baiana e memória afetiva, além da sua trajetória profissional reconhecida pelo seu vasto trabalho na área em que se dedica. Profissional desde 2009, possui experiência nas áreas de fotojornalismo e fotografia documental com ênfase na cultura baiana.

É integrante da coleção de fotojornalistas brasileiros do projeto “Testemunha Ocular” do Instituto Moreira Salles, recebeu o prêmio de 1º lugar no VIII Salão de Fotografia da Marinha do Brasil e possui obras permanentes no Memorial Pierre Verger da Fotografia Baiana. Também participou de mais de 30 exposições, dentre elas: as internacionais “The Fifth Annual Exposure Photography Award”, no Museu do Louvre, Paris, e “Scope International Conteporary Art Show” em Miami; “Olhares Afro Contemporâneos”, em São Paulo (BRA) e “IBEJI ERÓ”, em Salvador (BRA). Além das exposições, integra a coleção “Fotógrafxs” da TokStok e trabalha em produções de audiovisual, como na série “Santo” (Netflix Espanha) e Samba de Santo (Globoplay).

A artista já teve publicações no site da National Geographic Brasil e em veículos impressos, como a revista alemã SportBild e nas revistas brasileiras Cláudia e Caras. Participou de eventos de fotografia, como facilitadora de oficinas e palestras como no Festival Os Brasis em SP (Red Bull Station) e na Semana de Fotografia da Bahia na Caixa Cultural de Salvador. Além disso, ensina em workshop de Fotografia Documental em aulas presenciais e online.