Uma das vozes mais marcantes da cena contemporânea, Sued Nunes une talento, força e axé no seu mais novo álbum “Segunda-feira” (Natura Musical). O lançamento é uma ode à ancestralidade, aos caminhos e ao dono desses caminhos: Exu. E é nesta segunda-feira, 30 de setembro, que chega aos aplicativos de música o segundo álbum de Sued Nunes. Ela banha no dendê, cada verso e comprova com este projeto, que é a nova voz da Bahia preta. E ainda que os ensinamentos das suas canções servem como esperança, cura, aprendizado enquanto a gente dança ou vive um amor de verão. Produzido por Issa e com arranjos de percussão de Ícaro Sá, “Segunda-feira” chega conta com a distribuição da Alá/The Orchard, além das participações de Dona Dalva do Samba e do grupo nigeriano Kabusa Oriental Choir. Os shows de estreia estão marcado para os dias 1 de novembro no Pelourinho em Salvador e 14 de novembro na Casa Natura, em São Paulo
“Se existir uma forma mais verdadeira de falar sem ser através do movimento das ruas, eu não conheço. Ter olhado para isso foi fundamental para criação das músicas deste álbum porque eu queria trazer tudo que tem acontecido comigo desde que saí do recôncavo pra cantar”, conta a artista nascida em Sapeaçu Bahia, filha de Dona Antônia e Seu Nal e que fazia poesia para ler para as pessoas na rua.
“Eu fiz um disco que representa o que eu sou agora. Essa é a régua para me preservar e preservar o que acredito que minha música seja. Tomar consciência disso foi importante para esse momento e pros que virão. Eu quero que este álbum fique junto com os livros de história. Aqueles cantados por outras vozes que fizeram da música uma ferramenta de poesia mas também de corte. Vozes que inspiraram pessoas como eu a cantar, que me mostraram que há palco para quem quer falar as coisas que eu vejo e como vejo”, acredita.
Em “Segunda-feira”, Sued Nunes canta sobre Exu, mas só cita seu nome na primeira faixa “Eixo”. “Ele é tudo que está acontecendo. Da sagacidade ao estado de alerta, do interior ao trajeto da capital, do sonho às tomadas de atitude, da proteção à minha relação com o corpo e sua sensualidade… Exu costura todas essas linhas e é por isso que nas minhas eu não repito pra chamar. Eu apenas conto porque já está. Fé e música se encontram no início”, garante.
Sobre os ritmos que embalam “Segunda-feira”, os tambores são sempre destaque. “É impossível a música nesse território sem o batuque, as claves de tempo, a rítmica dos cultos africanos. Depois que você acessa de fato sua história, ora batendo palma e pede caminhos abertos dançando é até mais fácil dizer que não há encontro porque música e fé por aqui nunca se separaram”, define.
Uma realização da Giro Planejamento Cultural, o projeto tem patrocínio da Natura Musical e do Governo do Estado, através do Fazcultura, Secretaria de Cultura e Secretaria da Fazenda.
“Segunda-Feira” foi selecionado pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura da Bahia (FazCultura), ao lado de DecoloniSate, Festival da Diversidade: Paulilo Paredão, Festival Frequências Preciosas, Gabi Guedes, Melly e Sued Nunes. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para mais de 80 projetos de música até 2022, em diferentes formatos e estágios de carreira, como Margareth Menezes, Luedji Luna, Mateus Aleluia, Mahal Pita e Casa do Hip Hop da Bahia.