Teatro Gamboa celebra 50 anos firme na proposta de democratizar o acesso...

Teatro Gamboa celebra 50 anos firme na proposta de democratizar o acesso à arte e com programação diária até o fim do mês

Crédito: Fábio Bouzas

Um teatro com vista para o mar. Entre as muitas características que ajudam a definir o Teatro Gamboa e seu espaço físico, essa está entre as mais marcantes. Isso porque o fundo do palco é uma parede de vidro que convida a Baía de Todos-os-Santos para fazer parte do cenário e chama a atenção de soteropolitanos e turistas que frequentam o local quase que diariamente — já que, não raro, o espaço cultural oferece programação todos os dias para o público. Aliás, essa é outra característica importante do espaço cultural que celebra, neste mês, 50 anos de atividade com fôlego para seguir pelas próximas décadas como um dos mais atuantes da cena cultural de Salvador.

Muitos fatores podem explicar a memória afetiva que o público tem do espaço. Sua localização geográfica privilegiada facilita o acesso e o coloca no roteiro de opções no centro da capital baiana. O Gamboa fica, mais precisamente, na Rua Gamboa de Cima, entre a Avenida Contorno, o vizinho e parceiro Teatro Vila Velha e o Largo dos Aflitos, próximo à estação de metrô da Lapa, à Rua Carlos Gomes e à Avenida Sete de Setembro. Por sua proximidade também com a comunidade da Gamboa de Baixo, o teatro buscou estabelecer uma relação com os moradores da região e promove ações como carurus ofertados anualmente para as crianças do bairro e espetáculos gratuitos para quem vive no local.

Já com a comunidade artística da cidade e do estado, a iniciativa que pode definir a relação é a de democratização do acesso e uma política de suporte ao artista e difusão do seu trabalho por meio de ações como a oferta de serviços técnicos gratuitos à montagem dos espetáculos e bilheteria com tarifas sociais inteiramente revertidas para as produções que compõem a programação. Os artistas não pagam a pauta do espaço e contam com serviços como elaboração de cards de divulgação, assessoria de imprensa e suporte técnico. Essa democratização do acesso se dá também para o público, já que o Gamboa oferece opções com preços populares e/ou de graça. 

Na pandemia, o Gamboa entendeu a necessidade de permanecer um espaço ativo para que os artistas pudessem trabalhar, respeitando as regras sanitárias, e para que o público pudesse atravessar o período tendo opção de consumir conteúdo artístico durante o isolamento. Isso permitiu que o teatro saísse na vanguarda da cena nacional, lançando uma plataforma online onde passou a transmitir os espetáculos ao vivo. Dialogando sempre com o seu passado histórico, mas projetando a sua continuidade e a integração entre o fazer teatral, a inovação e a tecnologia, o Teatro Gamboa vive a oportunidade de integrar a sua programação presencial à sua estrutura online, mantendo uma agenda híbrida e acessível para todo o país e municípios do interior baiano.

A agenda, inclusive, é montada com foco na diversidade de manifestações artísticas, abrindo espaço para peças teatrais para todas as idades, shows de artistas consagrados na cena e independentes, stand-up comedy, além de oficinas formativas e clube de escrita. O espaço físico recebe ainda exposições em seu foyer, dedicado ao artista Jayme Figura, que nomeia o local. 

50 anos de História

Um dos teatros mais atuantes da cena em Salvador, o Gamboa tem o reconhecimento público graças aos seus 50 anos de existência e resistência. Inaugurado pelo ator e diretor Eduardo Cabus, posteriormente ele foi gerido pelo ator Perry Salles. Desde 2007 vem sendo administrado pela Associação Grupo Estado Dramático — grupo de artistas, produtores e técnicos da cultura que atuam em modelo de gestão coletiva, formado por uma equipe diversa, com profissionais capacitados e comprometidos com práticas que fomentam a cena e valorizam os profissionais da área — que adicionou páginas importantes nesta história. 

Desde 2009 o Teatro Gamboa é apoiado pela Secretaria de Cultura do Estado, através do Edital de Apoio a Ações Continuadas de Instituições Culturais, suporte fundamental para a permanência das atividades do teatro a partir do investimento em sua manutenção, estrutura física e equipe técnica. Desde então, o teatro vem mantendo uma programação qualificada e segue apresentando ao público iniciativas inovadoras nas artes cênicas, música, artes visuais, além de ações de qualificação e artes integradas.

Programação diversificada ao longo do mês

Celebrando o aniversário de cinco décadas, o Gamboa vem, desde o dia 03 de julho, apostando em uma programação especial. Os ingressos estão à venda no www.teatrogamboa.com.br. Na Galeria Jayme Figura (foyer do Teatro Gamboa), acontece a exposição “Rick Blanco – O Boleiro dos Orixás”, com as imagens de bolos inspirados nos Orixás. A exposição fica em cartaz de segunda a sexta, entre 09h e 12h; de quarta a sexta, também entre 13h e 19h; e sábado e domingo, entre 13h e 17h.

18/07 e 19/07, 19h | 20/07, 17h – Boa Sorte | Presencial e Transmissão Online
O espetáculo apresenta os sonhos e a busca de mudanças por Suely em sua última noite no apartamento dos patrões. Entre a razão e a emoção, os conflitos de classe vão sendo revelados através das situações e das adversidades que surgem durante a trama, rompendo a frágil casca desse universo de relações.

21/07 e 28/07, 17h – Pé de Ouvido: histórias de bichos traquinas, criaturas malinas e encantados de água doce | Presencial e Transmissão Online
Articulando, através de performance, a contação e o entoar de canções, Luciene Santoz e José Rêgo (Pinduka) afirmam a força das narrativas da oralidade encruzilhando histórias ameríndias, afrobrasileiras e mouriscas, recolhidas por diferentes autores/pesquisadores da tradição oral. As histórias são apresentadas de forma brincante, acolhedora do riso e da traquinagem, mas também fazendo notar tristezas e agruras advindas de eventuais alianças entre ganância e inveja. A aposta é que as crianças possam experienciar emoções distintas e, em alguma medida, realizar o que a dupla chama de ‘ginástica afetiva’.

24/07 e 31/01, 09h – Oficina de Formação de Musical | Presencial
Na oficina gratuita “Jhumandizando no Gamboa – Formação de Musical”, o educador artístico, diretor teatral e músico Lay Cardeal promove diversas técnicas voltadas para a criação de espetáculo e desenvolvimento criativo, auto expressão pela vivência de improvisos de personagens no palco, junto com a dança, o teatro e a música. 

24/07, 19h – Um jeito de Zambear | Presencial e Transmissão Online

25/07 e 26/07, 19h – Vozes do Cruzêro | Presencial e Transmissão Online
O espetáculo traz para o palco um universo poético inspirado no Caboclo da Zona da Mata Norte pernambucana, região que concentra inúmeras expressões artísticas e religiosas, como o Cavalo Marinho, o Caboclinho, o Maracatu de Baque Solto, a Jurema Sagrada, entre outras. Por meio de toadas, lôas, pisadas e trupés, o ator-sambador tece sua cena, cruzando sua vivência junto às brincadeiras da região com memórias vividas e imaginadas. 

27/07, 17h – Elementais | Presencial e Transmissão Online
Flamenco e Dança do ventre são culturas sonoras e do corpo que não surgiram juntas, mas que guardam profundas correlações. Elas estão em ritmos dançados, modos de movimentos do corpo, instrumentos com os quais se executam seus repertórios. Estão também na importância dada aos elementos que são utilizados em suas danças. Elementais é um espetáculo que reúne essas culturas.

29/07, 16h30 – Oficina de Escrita Livre, Criativa e Curativa | Presencial
Reunindo uma diversidade cada vez maior de profissionais e estudantes de diferentes áreas de atuação e conhecimento, o Clube de Escrita Livre, Criativa e Curativa apresenta novas propostas de exercícios para o aprimoramento da escrita, da leitura, da compreensão e interpretação de textos variados, tendo como base aulas lúdicas e com a utilização de ferramentas diversas.

31/07, 19h – Sonora Poesia e Outros Baratos | Presencial e Transmissão Online
O recital performático “Sonora Poesia & Outros Baratos” é uma composição cênico-musical cheia de ritmos e imagens na voz das poetatrizes Alda Valéria e Cilene Canda, com direção musical do multi-instrumentista Ives Sahar. O desejo do grupo é tornar a poesia falada uma potência cênica, que de forma irreverente, lírica e sedutora desperte a sensibilidade e a emoção do público, conquistando novos amantes para a arte da poesia.