
Um divisor de águas na carreira do rapper Wall Cardozo. Esse é o significado de ‘Homem Menino’, primeiro álbum do artista que já está disponível em todas as plataformas digitais.
O projeto, resultado de dois anos de trabalho da ideia ao lançamento, faz referência e celebra os 10 anos de carreira de Wall, completados em 2023. Não à toa, foi lançado em um dia 10 e conta com 10 faixas.

“Meu primeiro álbum é fruto do meu amadurecimento enquanto artista. Trago uma nova proposta musical, mas que ainda tem a minha cara. Eu queria lançar em 2023, mas o álbum levou o tempo que tinha que levar para amadurecer, e isso reflete o próprio conceito que estamos apresentando, em que o Tempo é o fio condutor da narrativa”, explica Wall, que deu início ao projeto do álbum há dois anos, com o lançamento do single ‘Padrão Discarado’.
O artista explica que o conceito também está implícito no nome do álbum. “‘Homem Menino’ aqui é como Yin e Yang: um não existe sem o outro. O velho e o novo. O ingênuo e o sábio. O homem e o menino”. Amor, masculinidade e autoestima são alguns dos temas trazidos nas canções, através da versatilidade e da descontração que são marcas do artista. As dez músicas, que contêm células de diferentes gêneros musicais, são baseadas em vivências pessoais e em observações do mundo ao redor, sob o viés dos próprios processos de amadurecimento ao longo do tempo.
Durante o processo criativo, Wall buscou inspiração em novas influências musicais para descobrir o novo sem perder sua essência. “No começo, confesso que tive medo do desconhecido. Este álbum me deu a oportunidade de aprender, experimentar e explorar a minha musicalidade de outras formas. Tudo isso foi possível porque pude contar com profissionais que admiro e que me ajudaram a chegar no resultado que agora, finalmente, o público pode conferir”, enfatizou o rapper.
Todas as canções do álbum são autorais. ‘Itapuã’, dueto com a cantora Liz Kaweria, fala do amor entre duas pessoas que pretendem viver um romance em um dos bairros mais famosos de Salvador. A faixa foi lançada três semanas antes do restante do álbum, como forma de aquecer os fãs e as plataformas para o que estava por vir.
As parcerias musicais são um dos destaques do projeto. No total, são cinco feats inéditos, com destaque para ‘Não Era Pra Ser’, colaboração com Hiran que mistura o rap com o arrocha, ritmo originalmente baiano que desde sempre faz muito sucesso nas periferias. A faixa ‘Joga’ tem uma pegada mais dançante, com células do pagode baiano, e conta com a participação de Nininha. ‘Tempo’, faixa de abertura do álbum, conta com a voz potente da cantora sergipana Lari Lima. Já o trap ‘Deve Nada’ é uma parceria com Makonnen Tafari, um dos pioneiros do subgênero no Brasil.
Um personagem fundamental em toda a construção do projeto é o produtor e diretor musical do álbum, Manigga. Indicado ao Grammy Latino 2024 com o disco ‘Amaríssima’, da cantora Melly, o músico destacou como foi trabalhar em ‘Homem Menino’. “Nós nos entendemos desde o primeiro encontro. Wall já tinha as ideias e um objetivo para cada música. Faltava ele mesmo explorar e encontrar as respostas para algumas questões. Nosso trabalho foi testar lugares, ritmos, vozes e sabores que ele ainda não tinha experimentado”, disse. O produtor ressaltou, ainda, que “a disposição dele em se descobrir e ampliar os seus conhecimentos fez toda a diferença”.
Apesar de ser o primeiro álbum, ‘Homem Menino’ não é o projeto de estreia de Wall. “O meu primeiro trabalho solo foi o EP ‘EHLO’, em 2020. Com uma estrutura mínima e de maneira artesanal, consegui concluí-lo praticamente sozinho. Agora, o álbum chega num momento mais maduro da minha carreira. Sinto que estou entregando uma obra mais completa, amarradinha, em que tudo foi pensado e executado com muito carinho”, finaliza.
Foto: Lane Silva